Folha de S. Paulo


Funcionário do Metrô é detido sob suspeita de assédio a jovem em vagão

Um supervisor de manutenção do Metrô de 38 anos foi detido em flagrante na manhã da última sexta-feira (29) após se masturbar e mostrar o pênis para uma jovem de 23 anos dentro de um vagão que seguia da estação Conceição para a Jabaquara, da linha 1-azul. Essa foi a terceira vez em seis anos que ele se envolveu em casos de assédio no metrô.

O crime aconteceu dois dias após uma jornalista do portal R7 ser vítima de um homem que se masturbou e ejaculou em sua calça na linha 3-vermelha.

Segundo a vítima, o assédio aconteceu por volta das 8h30 de sexta-feira. Ela estava sentada quando o suspeito começou a encará-la com a mão dentro da calça. O vagão estava vazio, pois seguia no contrafluxo, apenas com a vítima e o funcionário do Metrô.

Após se masturbar, segundo a jovem, o metroviário colocou o órgão sexual para fora e apontou em direção à vítima. Foi nesse momento que a jovem levantou-se.

Quando o trem chegou ao Jabaquara, o suspeito desembarcou e a vítima começou a segui-lo. Ao ver que ele iria deixar a estação, avisou os seguranças, que o detiveram na saída do local. Ele foi levado para Delegacia do Turista, onde assinou um termo circunstanciado por ato obsceno e importunação ofensiva ao pudor e foi liberado.

Rubens Cavallari/Folhapress
Terminal Jabaquara, onde funcionário do Metrô foi detido após assédio a jovem dentro de um trem da companhia
Terminal Jabaquara, onde funcionário do Metrô foi detido após assédio a jovem dentro de um trem

DENÚNCIA

Ex-securitária, a jovem de 23 anos havia sido assediada no transporte público quando tinha 15 anos, em um ônibus. Por isso, optou por seguir e denunciar o seu agressor na sexta-feira.

"Em um primeiro momento você acha que é coisa da sua cabeça. Demora até perceber o que está acontecendo. Mas já tinha aprendido a não ficar quieta. Estava indignada e resolvi segui-lo para ver onde ia", disse.

Moradora da Saúde (zona sul), ela ia para o centro. Voltava ao Jabaquara para pegar um trem mais vazio. "Ele sabia o que estava fazendo. Infelizmente o que fica agora é o receio de sair de casa para pegar o metrô de novo", afirmou a jovem.

HISTÓRICO

Segundo a polícia, na primeira vez em que o suspeito foi detido, em 2009, ele ainda não trabalhava no Metrô. Na segunda, em 2013, já exercia a mesma função de hoje. Nas duas ocasiões ele também assinou um termo circunstanciado e foi liberado, à espera de decisão judicial, pois os delitos são considerados de menor gravidade.

Segundo a polícia, o metroviário trabalha na empresa desde 2010 e é casado.

O Metrô afirmou por meio de nota que o funcionário em questão foi demitido, sem informar quando isso aconteceu. A companhia disse ainda que "repudia o abuso sexual e não compactua nem tolera a postura individual deste ex-funcionário."

A empresa, no entanto, não respondeu à reportagem sobre a data exata de contratação do suspeito e o motivo de ter mantido em seu quadro de funcionários um homem que já possuía antecedentes criminais por assédio sexual de mulheres nos trens da companhia.

Na nota, o Metrô disse ainda que vem adotando medidas para coibir os abusos sexuais e que as vítimas têm à disposição seus "cerca de mil agentes de segurança treinados para agir em caso de comunicação de fatos do tipo, que pode ser feita pelo SMS-Denúncia".

OUTROS CASOS

Além da jornalista vítima de um homem na linha 3-vermelha, o transporte sobre trilhos na capital já teve dois casos de grande repercussão nesse ano envolvendo crimes sexuais contra mulheres.

Um deles aconteceu no dia 2 de abril, quando a funcionária de 18 anos de uma cabine de recarga de Bilhete Único foi estuprada por dois homens em um assalto ao local, que fica em uma área isolada e sem câmeras da estação República. Os dois acabaram presos dias depois.

Na noite do dia 8 de maio, um ex-detento impediu que um segurança da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) abusasse uma vendedora na estação Tatuapé (zona leste) da companhia. O acusado foi preso em flagrante por abuso.


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