Folha de S. Paulo


Troca de corpos é identificada após enterro em SP; IML afasta funcionário

O IML (Instituto Médico Legal) de São Paulo identificou no último domingo (31) que dois corpos haviam sido trocados durante o reconhecimento no instituto.

Antonio Iak, 73, morreu após ser atropelado por um ônibus na rua Domingos de Moraes, na Vila Marina, na última sexta (28).

O irmão da vítima, José Ale Iak, foi até o IML para reconhecer o corpo. Contudo, ao chegar ao local, ele questionou o funcionário de que aquele corpo não poderia ser de ser irmão, já que o mesmo tinha barba e cabelos compridos. Além disso, José também questionou o peso e o olho, que estava roxo.

Segundo o advogado da família, Ademar Gomes, o funcionário respondeu ao irmão dizendo que a barba e o cabelo foram cortados e que o cadáver incha. Gomes disse que José foi "induzido a erro" pelo funcionário e a família acabou assinando o termo de reconhecimento do corpo.

"Eles estranharam o corpo, que era muito mais gordo. Ele insistiu para a família que era aquele corpo. Eles foram induzidos para o reconhecimento desse corpo", disse o advogado.

A família deu continuidade no processo e o enterrou o corpo, que na realidade era de Valdenilson de Barros, 55. A troca foi descoberta pela família de Barros no dia 30 de maio. O IML informou que tentou avisar a família Iak, mas o enterro do corpo já havia sido realizado.

"A troca de corpos aconteceu porque José Ale Iak reconheceu o corpo do irmão Antonio Iak de maneira equivocada. Além de reconhecer visualmente o cadáver, o irmão da vítima assinou documentos atestando o reconhecimento", disse a diretoria do IML.

O advogado da família Iak também questiona a falta de etiqueta no corpo. "Tudo indica que não havia pulseira na mão. Isso comprova a falha do IML. Será que o IML não viu o erro da pulseira no corpo". Gomes afirmou ainda que a família Iak foi nesta segunda (1°) ao IML e reconheceu o corpo de Antonio, que estava com barba e cabelos compridos.

Em nota, o IML disse que "os corpos estavam com pulseiras com numeração para identificação, que remetiam a planilhas datiloscópicas que confirmavam as identidades corretas a partir do reconhecimento de digitais".

Gomes disse que os familiares de Antonio pretendem processar o IML por danos morais e que lamentam o constrangimento causado entre as famílias. O advogado disse ainda que aguarda autorização da Justiça para exumar o corpo que foi enterrado.

O instituto informou que o funcionário foi afastado para que se possa apurar eventual negligência e que já solicitou à Justiça a exumação do corpo de Valdenilson para o correto sepultamento das duas vítimas.


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