Folha de S. Paulo


Motoristas de ônibus aceitam proposta de reajuste e descartam parar em SP

Felipe Souza/ Folhapress
Motoristas e cobradores de ônibus se reúnem em assembleia para discutir proposta de reajuste apresentada por empresas
Motoristas de ônibus se reúnem em assembleia; categoria aceitou proposta apresentada por empresas

Motoristas e cobradores de ônibus aceitaram a proposta de reajuste apresentada pelo sindicato patronal na tarde desta terça-feira (19) e descartaram uma nova paralisação da categoria na capital paulista.

Segundo o sindicato dos motoristas e cobradores, as empresas de ônibus elevaram a proposta de reajuste salarial de 8,5% para 9%, subiram o valor do vale-refeição de R$ 16,5 para R$ 19 e propuseram o pagamento de R$ 1.000 relativo ao PLR (Participação nos Lucros e Rendimentos), além de conceder plano odontológico aos funcionários –que a categoria não tinha.

O SPUrbanuss (sindicato das empresas de ônibus) informou que também vai criar um grupo de estudos para discutir salários diferenciados para os motoristas de ônibus "especiais", como é proposto pela categoria. Hoje, quem dirige ônibus articulados, biarticulados e trólebus ganham o mesmo de quem dirige um micro-ônibus, por exemplo.

O presidente do sindicato dos motoristas e cobradores, Valdevan Noventa, considerou a proposta aceita pelos trabalhadores uma vitória. "Isso foi graças à mobilização de todos os trabalhadores porque o patrão não dá nada de graça. Eles [empresas] ainda se comprometeram a dar mais um aumento para os motoristas de ônibus "especiais" depois de cinco meses, após encerrar a próxima licitação dos ônibus", disse Noventa.

Segundo o presidente do SPUrbanuss, Francisco Christovam, esse novo reajuste ainda não foi definido. "Vamos fazer cálculos para avaliar como ele poderá ser implantado, mas apenas após a licitação, que nos preocupa muito. A valorização dos motoristas especiais é um grande pleito exigido pelos trabalhadores, mas devemos ter cuidado e planejamento porque estamos em uma fase recessiva da economia", disse.

De acordo com Christovam, o reajuste aprovado hoje terá um impacto de 5,48% no custo da produção do transporte público municipal, equivalente a um aumento de R$ 330 milhões. "O salário dos motoristas e cobradores de São Paulo é o maior do Brasil e a mão-de-obra impacta equivale a 40% dos custos das empresas. Mas conseguimos negociar com muita responsabilidade e chegamos a um acordo bom para ambos", afirmou o presidente do sindicato das empresas.

Os motoristas e cobradores de ônibus pediam inicialmente reposição da inflação (em torno de 8%) e mais um aumento salarial real de 7%, mas acabou aceitando a proposta das empresas.

Na semana passada, a categoria chegou a fazer uma paralisação de duas horas, quando fecharam todos os terminais da SPTrans e afetaram em torno de 675 mil passageiros.

O cobrador Diego de Oliveira Carvalho, 25, disse que foi o acordo aceito nesta terça foi o melhor entre os trabalhadores e as empresas nos últimos seis anos, quando começou a trabalhar na área. "Antes só aumentavam R$ 0,50 de vale refeição, mas hoje foi R$ 2,50 fora o plano odontológico e o aumento do salário. Valeu a pena fazer a paralisação e mostrar nossas reivindicações", afirmou.

O piso salarial de motoristas de ônibus de São Paulo é atualmente de R$ 2.151,40 e dos cobradores é de 1.244,20, com data-base em maio. O último reajuste da categoria foi no ano passado, de 10%.

Segundo o sindicato patronal, a capital paulista tem o segundo maior salário de motoristas de ônibus do país, atrás apenas de Porto Alegre, que com o dissídio deste ano chegou a R$ 2.168.


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