Folha de S. Paulo


Reformulado, Mais Médicos preenche vagas sem recorrer a estrangeiros

Após mudanças no programa, a nova etapa do Mais Médicos encerrou a distribuição das vagas nesta semana apenas com brasileiros. É a primeira vez em que o governo não precisará recorrer a médicos estrangeiros.

Foram abertas 4.139 vagas neste ano. Destas, 3.752, ou cerca de 91% do total, foram ocupadas por médicos com registro nacional. As demais foram preenchidas por médicos brasileiros formados no exterior.

Com a maior adesão de brasileiros, o Ministério da Saúde suspendeu a etapa de inscrições para profissionais estrangeiros, inicialmente prevista para esta quinta-feira (14).

Assim como nas etapas anteriores, médicos brasileiros formados no exterior passarão por um período de acolhimento em Brasília com duração de três semanas, a partir de 5 de junho. Na ocasião, eles terão aulas e serão avaliados.

A previsão é que esses profissionais iniciem as atividades nos municípios no dia 6 de julho. Eles devem se juntar aos médicos brasileiros que se inscreveram entre janeiro e março e já atuam nas unidades básicas de saúde.

ROTATIVIDADE

Até o fim do ano passado, cerca de 80% das 14 mil vagas até então existentes no programa eram ocupadas por médicos cubanos, recrutados por meio de um convênio com a Opas (Organização Pan-Americana de Saúde).

Com a expansão anunciada neste ano, o programa passa a ter 18.240 médicos em 4.058 municípios, segundo o Ministério da Saúde –destes profissionais, cerca de 30% são brasileiros.

O aumento na participação de brasileiros ocorre após uma mudança nas regras do programa, que passou a oferecer aos participantes a possibilidade de optar por um novo benefício, o que agradou médicos recém-formados: um bônus de 10% na nota das provas de residência.

Outra opção é receber auxílio-moradia e alimentação, nos moldes do programa original. Em ambos os casos, o médico recebe uma bolsa de R$ 10 mil.

O maior número de brasileiros e o fato de 68% dos inscritos terem optado pelo bônus, no entanto, deve gerar uma maior rotatividade –uma vez que parte dos médicos pode abandonar as vagas com o resultado das provas de residência. Hoje, os brasileiros são maioria entre os que desistem do programa, segundo o governo.

"Sabemos que vamos precisar fazer essa reposição", afirma o ministro Arthur Chioro. Segundo ele, um novo edital para ocupar as vagas remanescentes será lançado a cada três meses.

"Se os médicos não se dedicarem de corpo e alma e não atenderem ao conjunto de necessidades, os gestores devem nos comunicar, e os médicos serão desligados", diz. De acordo com Chioro, a pasta estuda uma nova ampliação das vagas do programa para o ano que vem.


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