Folha de S. Paulo


Filipinas são o maior país exportador de mão de obra no mundo

Adriano Vizoni/Folhapress
A filipina Amy Villariez, 33, com a patroa Thalita Assis, 35
A filipina Amy Villariez, 33, com a patroa Thalita Assis, 35

As Filipinas são o maior exportador de mão de obra do mundo. São cerca de 10 milhões de "trabalhadores filipinos no exterior", como são conhecidos, ou 10% da população. Na maioria, trabalham como babás, empregadas, enfermeiras e garçons.

Os países que mais contratam filipinos são Arábia Saudita (382 mil em 2013), Emirados Árabes (261 mil) e Cingapura (173 mil), segundo a Administração de Emprego no Exterior das Filipinas.

Para emigrar, todos têm de passar por um teste que avalia suas habilidades. Caso não se qualifiquem, precisam passar por cursos específicos.

No curso de trabalhador doméstico, aprendem a limpar os aposentos da casa, lavar e passar roupas, além de segurança do trabalho e bom relacionamento em grupo.

O governo filipino alerta para os casos de exploração no exterior, principalmente no Oriente Médio, que paga salários abaixo de US$ 200.

Fabio Braga/Folhapress
A executiva Kely Alves, 41, com a babá de seus três filhos, a filipina Realiza Santandan, 42
A executiva Kely Alves, 41, com a babá de seus três filhos, a filipina Realiza Santandan, 42

Em 2012, uma doméstica filipina na Jordânia pulou do terceiro andar para escapar de seu empregador, que batia nela com arame farpado e não lhe dava folgas.

Mas o país não pode abrir mão dessa exportação de mão de obra, uma vez que as remessas dos emigrantes chegaram a US$ 21 bilhões em 2012 (quase 10% do PIB do país). Em comparação, brasileiros no exterior enviaram remessas de US$ 1,9 bilhão em 2014 (0,08% do PIB).

No Brasil, segundo o Ministério do Trabalho, foram concedidos 4.542 vistos de trabalho para filipinos em 2014, perdendo apenas de norte-americanos. Mas a maioria trabalha como tripulação em embarcações na área de petróleo e gás.

Ao contrário das filipinas, as domésticas bolivianas e peruanas não precisam de visto para trabalhar no Brasil, por causa do acordo de livre trânsito e residência do Mercosul e associados.

Apesar de pouco numerosas, as domésticas filipinas já formam seus grupos sociais no Brasil. Em São Paulo, Realiza Santandan,42, frequenta um karaokê perto da estação Ana Rosa com outras babás filipinas, e elas vão à missa no Mosteiro de São Bento.

No Rio, Amy Villariez vai à praia de Ipanema com amigas filipinas. Mas ela nada de bermuda e camiseta. "Todo mundo fica olhando", diverte-se.


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