Folha de S. Paulo


Após revés em tarifa, Sabesp adia projetos de esgoto

Sob uma alegada falta de recursos e de um reajuste na conta de água abaixo do que a Sabesp considera necessário, o governo Geraldo Alckmin (PSDB) ameaça adiar projetos de saneamento.

Em abril, para priorizar obras para o abastecimento de água, a Sabesp já programava um corte de 55% nos investimentos em esgoto.

Essa projeção, porém, ainda era feita com base na expectativa de um aumento na tarifa de água de 22,7%, para repor perdas recentes e tocar as obras ao longo de 2015.
Nesta terça (5/5), porém, um dia após a agência reguladora do Estado ter autorizado um aumento imediato na conta de água de somente 15,2%, o presidente da Sabesp, Jerson Kelman, disse que o corte em ações de saneamento foi a solução encontrada.

"Essa diferença [na tarifa] fará com que, lamentavelmente, alguns programas de investimentos da Sabesp tenham que ser adiados", afirmou, em entrevista à TV Globo.

A decisão foi tomada pela diretoria da Sabesp. A ideia é priorizar obras que possam trazer mais água para a Grande SP ainda em 2015, para evitar a adoção de um rodízio.

Editoria de Arte/Folhapress

A nova tarifa de água e esgoto foi aprovada na segunda (5) e deve entrar em vigor a partir do dia 5 de junho.

A Proteste, entidade de defesa dos direitos dos consumidores, acionou a Justiça contra o aumento da tarifa.

A associação pede que a Sabesp reajuste a conta apenas levando em consideração a inflação desde a aprovação do último aumento, de 7,8%.

A Proteste entrou com um pedido de liminar para suspensão do reajuste, rotulando-o de abusivo. Ela pede ainda a restituição em dobro de valores eventualmente cobrados dos consumidores.

ENERGIA MAIS CARA

Entre os argumentos usados pela Sabesp para o reajuste estão o encarecimento do custo da energia elétrica e a redução da receita da empresa decorrente da diminuição do volume de água vendido.
Diante da crise hídrica, o lucro da Sabesp despencou de R$ 1,9 bilhão em 2013 para R$ 903 milhões em 2014.

A associação contesta os dois argumentos. Para a Proteste, o consumidor já está pagando pelo aumento da conta de luz e não pode ser cobrado duas vezes. Além disso, considera "absurdo" a população ter de pagar uma tarifa maior justamente por ter reduzido seu consumo de água.

Segundo a Sabesp, 82% dos clientes da cidade de SP reduziram o consumo de água em março. Já a cobrança de sobretaxa para quem consumir 20% a mais de água foi feita a 7% dos clientes no mesmo período. (FL)


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