Folha de S. Paulo


Sabesp propõe manter cota de água retirada do Cantareira

A Sabesp (empresa de saneamento paulista) apresentou proposta aos governos estadual e federal para renovação da outorga do sistema Cantareira mantendo os atuais volumes de retirada de água, com a maior parte para a Grande São Paulo. A medida contraria o que defendiam as cidades da região de Campinas.

Pela proposta, apresentada no último dia 30 –prazo final para a empresa de saneamento pedir a renovação da outorga do sistema–, os volumes de retirada do Cantareira se manteriam os mesmos, de 36 m³/s, sendo 31 m³/s para a Grande São Paulo e 5 m³/s para as bacias dos rios PCJ (Piracicaba, Capivari e Jundiaí), onde está Campinas.

Na região, a pressão de prefeituras, empresas de saneamento, indústrias e instituições é para que a retirada do Cantareira seja de, no mínimo, 12 m³/s. Eles alegam que o volume de 5 m³/s já é ineficiente e que a região precisa de mais água para manter o abastecimento.

Ao mesmo tempo, a Sabesp sinalizou que concorda com a proposta do presidente da ANA (Agência Nacional de Águas), Vicente Andreu, de operar o reservatório por meio de cotas, respeitando os volumes na época da chuva ou da seca.

A Sabesp e a ANA não disponibilizaram nenhum porta-voz para falar sobre o assunto. Em nota, o Daee (Departamento de Águas e Energia Elétrica) informou que o pedido está sendo analisado pelas equipes técnicas.

QUEDA

Em um dos gráficos, a Sabesp faz uma estimativa de retirada de água em que o volume apresenta queda menos acentuada do que a ocorrida no ano passado. Uma das críticas dos especialistas é de que houve uma "superexploração" da água do reservatório, deixando-o quase inoperante.

Para a empresa, a situação de crise ocorrida no ano passado precisa ser incorporada às discussões. Até então, o cenário mais crítico registrado no Cantareira tinha sido há 80 anos.

Outra sugestão é manter vazões suficientes para o abastecimento humano e dos animais nas bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí. Esse volume seria entre 3 m³/s e 5 m³/s, podendo ser elevado de acordo com o nível do reservatório.

O pedido será analisado pela ANA e pelo Daee, e poderá receber sugestões de diversos setores, como comitês de bacia, prefeituras, Ministério Público. A intenção é concluir os estudos até outubro deste ano.


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