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Em assembleia, professores estaduais de SP decidem manter greve

Eduardo Anizelli/Folhapress
Professores jogam sal em frente ao cordão de policiais no entorno da secretaria de Educação; protesto faz referência à prática antiga de pagar trabalhadores com sal, o que deu origem à palavra
Professores jogam sal em frente ao cordão de policiais no entorno da secretaria de Educação; protesto faz referência à prática antiga de pagar trabalhadores com sal, o que deu origem à palavra "salário"

Os professores da rede estadual de São Paulo decidiram manter a greve da categoria em nova assembleia realizada na tarde desta quinta-feira (30). A paralisação já dura 46 dias.

O grupo se reuniu no vão-livre do Masp, na avenida Paulista, região central da cidade. Após a votação, os docentes seguiram até a praça da República, também no centro, onde fica a sede da secretária estadual de Educação. Policiais militares cercavam o prédio.

O protesto foi encerrado pela Apeoesp (sindicato da categoria) pacificamente por volta das 18h30. Porém, de acordo com o sindicato, parte dos manifestantes continuavam no local, apesar do pedido de dispersão do ato.

Os docentes levaram sal para colocar, ainda em sacos fechados, no prédio da pasta. O ato, que também foi votado em assembleia, faz referência à prática antiga de pagar trabalhadores com sal, o que deu origem à palavra "salário".

Parte dos professores, porém, abriram os sacos e jogaram sal próximo ao cordão de policiais. A ação foi criticada pelo próprio sindicato, que afirma querer manter as manifestações "sob controle".

EMPURRA-EMPURRA

Durante a passeata, a avenida Paulista, a rua da Consolação e a praça da República foram completamente interditadas.

Houve um pequeno empurra-empurra após a assembleia, quando os docentes divergiram sobre qual caminho seguir em passeata: pela rua da Consolação até a praça da República ou pela avenida Rebouças, até a marginal Pinheiros. Após o caminho ser definido, o grupo que defendia o trajeto pela avenida Rebouças impediu momentaneamente a saída dos caminhões de som para a avenida da Consolação.

Segundo a Polícia Militar, cerca de 2.000 pessoas participaram do ato. Já a Apeoesp afirmava que 50 mil docentes estiveram na manifestação.

A secretaria de Educação divulgou nota na noite desta quinta-feira reprovando a manutenção da greve. "[A pasta] Lamenta a decisão da Apeoesp de manter uma greve nitidamente contaminada por interesses incompatíveis com o momento econômico atual, que conflita com a harmonia que pauta o diálogo entre governo e professores e visa prejudicar o cotidiano de 4 milhões de alunos e de seus pais", afirma o texto.

Ainda de acordo com a nota, "cinco dos seis sindicatos que representam os professores, funcionários, supervisores e diretores da Educação de São Paulo não estão em greve porque entenderam o compromisso do Governo do Estado de manter a mesma política de valorização que garantiu aos funcionários da rede, desde 2011, aumento real de 21% (45% de aumento nominal)."

SALÁRIOS

Entre outras reivindicações, a categoria pede um aumento salarial de 75%.

Os salários dos professores da rede estadual paulista subiram mais do que a inflação nos últimos anos. Mas os docentes ainda ganham menos do que outros profissionais com formação semelhante.

De junho de 2012 –folha de pagamento mais antiga divulgada pelo governo Geraldo Alckmin (PSDB)– a fevereiro deste ano, o salário médio dos professores das escolas estaduais subiu 28%. Nesse período, a inflação foi de 16%, segundo o indicador IPC-Fipe, em São Paulo, e de 19,5%, segundo o IPCA.

Considerando o início do mandato anterior do tucano (2011) até fevereiro de 2015, o reajuste salarial foi de 45%, segundo dados tabulados pelo próprio governo, ante uma inflação de 25% (IPC). Logo no início do mandato anterior, Alckmin aprovou lei que estabeleceu política de aumentos até 2014.

Editoria de Arte/Folhapress

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