Horas depois do tumulto durante operação na cracolândia, usuários de droga se instalaram em uma quadra vizinha à "favelinha" de onde foram desalojados.
Por volta das 23h, em torno de 300 usuários de crack se aglomeravam na alameda Barão de Piracicaba, entre as esquinas da rua Helvétia e da alameda Glete.
O novo endereço do fluxo fica ao lado do largo Coração de Jesus, onde há uma igreja e uma praça com quadras de futebol. A concentração dos dependentes inviabilizava a passagem de veículos, mas não havia barracos.
A cracolândia foi alvo nos últimos anos de outras operações mal sucedidas de prefeitura e governo do Estado.
| Editoria de arte/Folhapress |
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"Se essa confusão fosse resolver algo, eu até entenderia. Mas eu trabalho há 30 anos no centro. Já cansei de ver isso aqui. Amanhã, estará tudo igual", disse Eliana Oda, 53, que trabalha em uma farmácia na região e baixou as portas quando um grupo de jovens passou correndo e a ameaçando com pedras na mão, em meio à confusão de bombas e sirenes da PM.
Dartiu Xavier da Silveira, coordenador do Proad (programa para dependentes de droga da Unifesp), avalia que a proposta do município para tratar os dependentes da cracolândia pode ser boa, mas desde que haja integração com diversos setores –da política de geração de empregos ao atendimento à saúde, passando pela ação policial.
Para ele, um dos problemas centrais está no uso político de duas formas diferentes de enfrentar a questão.
O secretário da Segurança Pública, Alexandre de Moraes, além de dizer que "nós não havíamos sido avisados" da operação desta quarta-feira (29), enfatizou a responsabilidade da prefeitura. "Essas pessoas não são traficantes, são usuárias que precisam de tratamento de saúde."
O prefeito Fernando Haddad (PT), por sua vez, exaltou as atribuições das polícias.
"A prefeitura não tem os meios para combater o tráfico de drogas. O congelamento da área depende de uma ação da Polícia Militar e, sobretudo, da Polícia Civil."