Folha de S. Paulo


Indonésia muda brasileiro de prisão e pode executá-lo

Em mais um sinal de que as execuções na Indonésia estão próximas de acontecer, o brasileiro Rodrigo Muxfeldt Gularte, 42, foi transferido nesta sexta (24) para uma prisão destinada a detentos que esperam pelo fuzilamento.

Neste sábado (25), sua família foi oficialmente notificada sobre a execução.

Condenado à morte em 2005 na Indonésia por tráfico de drogas, Gularte estava em Pasir Putih e foi levado para Besi, no complexo de Nusakambangan, em Cilacap, a 400 km de Jacarta.

Trata-se da mesma prisão onde ficou o brasileiro Marco Archer Cardoso Moreira nos últimos três dias antes da execução, no começo deste ano.

Com Gularte estão outros nove condenados à morte em vias de serem punidos com a pena capital -três nigerianos, dois australianos, uma filipina, um ganense, um francês e um indonésio.

O governo da Indonésia não se manifestou oficialmente sobre a data das execuções, mas representantes de embaixadas foram instados a comparecer neste sábado (25), sem que o motivo lhes fosse revelado. Por lei, a Indonésia tem que avisar o prisioneiro da execução com 72 horas de antecedência.

O Itamaraty procurou a família de Gularte no Brasil para alertar que familiares que tiverem intenção de vê-lo precisariam providenciar uma viagem para a Indonésia o mais rapidamente possível.

Nesta sexta, um representante do Itamaraty foi até a Procuradoria-Geral, responsável pelas execuções, para tentar reverter o caso. Mas não houve êxito, conforme relatou a interlocutores.

A defesa de Gularte entrará na segunda (27) com outro recurso para tentar evitar que o brasileiro seja executado.

Arquivo pessoal
A família do brasileiro Rodrigo Gularte, que está no corredor da morte, tenta evitar a execução na Indonésia
A família do brasileiro Rodrigo Gularte, que está no corredor da morte, tenta evitar a execução

Ricky Gunawan, advogado de Gularte, entrou com recurso na quarta (22) para que o brasileiro fique sob guarda da prima, Angelita Muxfeldt.

Na segunda, ele entrará com novo recurso, sob o argumento de que Gularte sofre de esquizofrenia e que, por isso, não pode ser executado.

Segundo Gunawan, a situação é "chocante e angustiante". A mãe de Gularte, Clarisse Muxfeldt, está no Brasil.

O encarregado de negócios indonésio em Brasília, Mochammad Rizki Safary, foi convocado pelo Itamaraty para uma conversa nesta sexta.

O subsecretário para comunidades brasileiras no exterior, Carlos Alberto Magalhães, reforçou pedido de clemência feito anteriormente pela presidente Dilma Rousseff, destacando razões humanitárias e a saúde de Gularte. O diplomata indonésio disse que transmitiria o pedido.

Segundo a Folha apurou, não há previsão de que Dilma procure mais uma vez o colega indonésio, Joko Widodo, para interceder. O pedido de clemência feito no início do ano já era em nome de Gularte e de Marco Archer, executado em 18 de janeiro.

O governo brasileiro avalia que não há disposição de Widodo para revogar a decisão, mas não descarta um contato se houver sinal de abertura.

Colaborou ISABEL FLECK

Editoria de Arte/Folhapress

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