Folha de S. Paulo


Morto na sede de torcida corintiana foi um dos presos em Oruro; veja vítimas

Um dos oito mortos na chacina registrada na noite deste sábado (18) na sede da Pavilhão Nove, torcida organizada do Corinthians, era Fábio Neves Domingos, 34, conhecido como "Du Memo".

Eles estavam na sede da Pavilhão Nove, que fica embaixo da ponte dos Remédios, próximo à marginal Tietê, quando três homens armados invadiram o local.

Os assassinos mandaram as pessoas deitarem chão e atiraram na cabeça de sete delas, que morreram no local, segundo informações da Polícia Militar.

A oitava vítima também foi baleada dentro da quadra da torcida, mas conseguiu fugir para a rua. Ela caiu em um posto de combustível e foi levada ao Hospital das Clínicas, onde morreu logo em seguida. Segundo a Polícia Civil, foram encontradas cápsulas de pistola 9 mm próximo aos corpos das vítimas.

Amigos e parentes lamentaram neste domingo as mortes. O delegado do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), Arlindo José Negrão Vaz, descartou na manhã deste domingo (19) a hipótese de briga de torcida na morte de oito pessoas na sede da Pavilhão Nove, torcida organizada do Corinthians, na zona oeste de São Paulo.

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CONFIRA ABAIXO PERFIL DAS VÍTIMAS

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Fábio Neves Domingos, 34

Fábio, conhecido como "Du Memo", foi um dos corintianos detidos pela morte do jovem torcedor boliviano Kevin Douglas Beltrán Espada, 14, durante o jogo entre San José x Corinthians, em Oruro (a 230 km de La Paz), pela fase grupos da Taça Libertadores da América, em 2013.

Em sua página no Facebook, Fábio é casado com Vanessa Marques. Segundo um amigo, era feirante. De acordo com a SSP, ele foi enquadrado por se envolver em briga de torcida.

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Ricardo Júnior Leonel do Prado, 34

De acordo com a SSP (Secretaria da Segurança de Pública), Ricardo, nascido em Suzano (SP), tinha passagem pela polícia por tráfico de drogas e desacato.

Grande fã de rap, Ricardo também curtia cantores como Ivete Sangalo, Anitta e Raul Seixas. Ele também era fã do piloto de Fórmula 1 Ayrton Senna e do jogador corintiano Elias. Tinha segundo grau completo e era solteiro.

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André Luiz Santos de Oliveira, 29

André Luiz era tesoureiro da Pavilhão 9. Ele também era fã da banda Charlie Brown Jr. e morava em Taboão da Serra, na Grande São Paulo.

Com a camisa da Pavilhão 9, André viajava pelo Brasil para ver os jogos do Corinthians.

De acordo com a SSP (Secretaria da Segurança Pública), ele tinha passagem pela polícia por tráfico de drogas.

Ele costumava acompanhar a irmã, Ana Paula, a jogos do Corinthians e levava o cunhado, que é santista. Ele era alto-astral, "muito alegre", lembra a irmã.

Seu pai afirma que era corintiano desde os "dois, três anos de idade". Usava roupas do time e dava "muito mais importância" para o Corinthians do que para a seleção brasileira.

Seu prato preferido era costela cozida.

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Matheus Fonseca de Oliveira, 19

Matheus se considerava torcedor fanático do Corinthians desde o nascimento, em 1996.

Ele gostava de rap nacional, como os grupos Racionais MC´s, Facção Central e o rapper Sabotage.

Também gostava de videogames, principalmente o GTA (Grand Theft Auto), popular jogo de simulação.

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Jhonatan Fernando Garzillo Massa, 21

Em sua página no Facebook, Jhonatan Garzillo mostra fotos de sua filha, Lorena, de cerca de oito meses.

Ele curtia páginas de samba e rap. Entre os filmes, Jhonatan gostava da trilogia "O Poderoso Chefão".

Além do Corinthians, Garzillo também admirava o clube sueco Malmö FF, fundado em 1910 –mesmo ano que o clube brasileiro.

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Marcos Antônio Corassa Jr., 19

Conhecido como Markinho, ele gostava de postar fotos dos bandeirões que a Pavilhão Nove pintava. Testemunhas dizem que os jovens estavam pintando as bandeiras quando foram abordados pelos assassinos.

Era fã de Paolo Guerrero, autor do gol que garantiu o Mundial para o Corinthians em 2012.

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Mydras Schmidt Rizzo, 38

Mydras era músico, casado e tinha dois filhos: Ayrton Guerrero, de um ano, e Camyla Vitoria, de quatro anos.

Ele tocaria nesta segunda-feira (20) na quadra da Unidos do Peruche na 1ª edição do projeto Cartilha do Samba.

Em março, recebeu com integrantes de sua banda o troféu de melhor samba do Carnaval do grupo de acesso de 2015 pela Unidos do Peruche, com o samba "Karaba e o menino do coração de Ouro". Ele era compositor da Pavilhão Nove, Pérola Negra e Unidos do Peruche.

Tinha passagem por roubo.

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Jonathan, conhecido com "Edilsinho", era auxiliar em uma gráfica e tocava bateria na Pavilhão 9.

Jonathan Rodrigues do Nascimento, 21

Seu sonho era ser jogador de futebol. "Mas ele não teve a sorte de ser achado por um olheiro", conta a namorada, Ana Paula dos Santos, 27. Na torcida, ele se sentia reconhecido.

Jonathan conheceu quase todo o Brasil ao acompanhar o Corinthians, lembra a namorada. Juntos há um ano e meio, planejavam se casar no ano que vem. "Nos conhecemos desde crianças. Ele não era um criminoso.

Sua avó, Joselita Rodrigues, 67, diz que chegou a oferecer um tratamento psiquiátrico ao neto, "obcecado" pelo clube. "Quando tinha jogo, ligava na casa dele para ser se tinha chegado. Se me diziam que ele estava dormindo, aliviava meu coração", lamenta.

Segundo Ana Paula, ele estava feliz com a apresentação que o grupo havia feito na quadra da escola de samba Gaviões da Fiel. A família não quer que o velório seja realizado com as outras vítimas. Contudo, eles não sabem onde vão enterrá-lo.

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CHACINA

Os oito mortos participavam de uma festa mensal chamada Quebrada Corinthiana. No momento do crime, a festa já estava acabando e a maioria dos participantes já tinha ido embora. O grupo estava se preparando para pintar novas bandeiras quando foi abordado pelos assassinos. As faixas estavam estendidas no chão para serem pintadas.

Editoria de Arte/Folhapress

A torcida foi fundada em setembro de 1990, numa homenagem de amigos corintianos ao time de futebol da casa de detenção do Carandiru. A entidade tem como símbolo a figura de um dos irmãos Metralha, personagens da Disney, e atua também como bloco carnavalesco.

Editoria de Arte/Folhapress

As mortes estão sob investigação do DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa). O Corinthians enfrenta o Palmeiras neste domingo (19), às 16h, pela semifinal do Campeonato Paulista.

O delegado do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), Arlindo José Negrão Vaz, descartou na manhã deste domingo (19) a hipótese de briga de torcida na morte das vítimas na sede da torcida corintiana.

Paulo Castilho, promotor do Ministério Público que trata das torcidas organizadas, também rejeitou a possibilidade de a chacina na sede da Pavilhão Nove ter a ver com o clássico deste domingo com o Palmeiras, às 16h.

"Ainda é necessária uma investigação. Mas não temos nenhuma informação de que tenha a ver com briga de torcidas", afirmou.

EM LUTO

Em sua conta no Twitter, o ex-presidente do Corinthians e agora superintendente de futebol Andrés Sanchez prestou condolências às famílias das vítimas da chacina. "Transmito meu luto e pêsames solidários para com as famílias das oito vitimas da chacina ocorrida na sede da Torcida Pavilhão Nove".

O Twitter oficial do clube publicou a hashtag #Luto com uma imagem que mostra um fundo preto e a palavra luto em branco. Ainda no Twitter, a hashtag #LutoP9 é uma das mais compartilhadas.

A torcida foi fundada em setembro de 1990, numa homenagem de amigos corintianos ao time de futebol da casa de detenção do Carandiru. A entidade tem como símbolo a figura de um dos irmãos Metralha, personagens da Disney, e atua também como bloco carnavalesco.

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