Folha de S. Paulo


Mulher é atingida por bala perdida e morre no Complexo da Maré, no Rio

Uma mulher morreu após ser atingida por uma bala perdida durante confronto entre militares da Força de Pacificação e criminosos no Complexo da Maré, na zona norte do Rio de Janeiro.

De acordo com o setor de comunicação da Força de Pacificação, militares foram atacados com tiros de fuzil quando faziam patrulhamento de rotina nas proximidades da Vila do João –comunidade que faz parte da Maré. Eles revidaram, houve um intenso confronto e os criminosos conseguiram fugir.

Ainda segundo os militares, após a troca de tiros a tropa foi informada de que uma mulher teria sido baleada dentro de sua casa. Ela não resistiu aos ferimentos e morreu no local. A Divisão de Homicídios da Polícia Civil foi acionada e ficará responsável pela investigação do caso.

A Força de Pacificação ressaltou que tem priorizado, em todas as situações, a segurança da população. E informou que seus integrantes passam por treinamento constante e são militares profissionais com experiências adquiridas no Haiti e na pacificação dos Complexos do Alemão e da Penha.

O Exército ainda informou que continuará empreendendo esforços para garantir a segurança da população e desarticular as facções criminosas na área da Maré.

TRANSIÇÃO

As Forças Armadas, que ocupam a Maré desde 5 de abril de 2014, começaram a deixar o complexo da Maré, zona norte do Rio, para dar lugar à Polícia Militar, na madrugada de 1° de abril, de acordo com a Rádio CBN Rio.

No local será instalada uma UPP (Unidade de Polícia Pacificadora). A nova unidade, a primeira em 2015, terá como bases principais duas comunidades dominadas por uma milícia. A expectativa é que até junho a Secretaria de Segurança Pública encerre todo o processo de instalação da UPP.

O Complexo da Maré é considerado ponto estratégico na segurança pública do Rio por estar junto a vias de acesso que ligam o Centro da cidade ao aeroporto internacional do Galeão: a Avenida Brasil e a Linha Vermelha. A ocupação da comunidade é vista como necessária para evitar problemas nas Olimpíadas de 2016.

OUTROS CASOS

Casos semelhantes ao ocorrido na Maré nesta terça aconteceram no complexo do Alemão (zona norte) nos últimos meses.

No início do mês, o garoto Eduardo de Jesus, 10, foi morto com um tiro na cabeça na porta de sua casa no Complexo do Alemão, zona norte do Rio.

Na segunda (13) o governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, admitiu que houve erro por parte da PM na ação que deixou Eduardo morto. O caso segue em apuração.

Menos de 24 horas antes, a dona de casa Elizabeth Alves de Moura Francisco, 41, morreu em circunstâncias parecidas. Ela também estava em casa quando foi atingida por dois tiros. Dois menores, supostos traficantes, também foram mortos no episódio.

Em 20 de março, a dona de casa Vanessa Aparecida de Abicassis também morreu após ser atingida no peito na porta de sua casa. O caso gerou protesto dos moradores da comunidade, que estenderam lenços e camisas brancas em suas varandas e janelas, pedindo paz.


Endereço da página:

Links no texto: