Folha de S. Paulo


Solo úmido faz nível do sistema Cantareira subir mesmo sem chuvas

O encharcamento das encostas do sistema Cantareira pode explicar o constante aumento do volume do maior reservatório da Grande São Paulo, ainda que ele não tenha recebido chuvas significativas nos últimos dias.

Mesmo que as chuvas em abril no manancial estejam a 37% do esperado para o período, o nível do Cantareira não tem caído. Pelo contrário, aumentou em 0,8 pontos percentuais neste mês –que já faz parte do período seco do ano que vai até setembro.

Desde o dia 31 de janeiro, data da última queda de nível do Cantareira, o reservatório ganhou 15,9 pontos porcentuais, saindo de 3,9% para os atuais 15,3% ontem.

Editoria de Arte/Folhapress

Esses percentuais têm como base a quantidade de água naquele dia e a capacidade total disponível do reservatório, de 1,3 trilhão de litros –que inclui o volume útil (acima dos níveis de captação) e as duas cotas do volume morto (reserva do fundo das represas, captadas com o auxílio de bombas).

Segundo o professor Antonio Carlos Zuffo, as chuvas de fevereiro e março, que vieram acima da média no Cantareira, foram responsáveis por nutrir as margens dos reservatórios e seus lençóis freáticos. "Essa água se acumula e serve como uma reserva para os meses secos", disse.

Esse escoamento da água ocorre de maneira lenta, levando dias ou mesmo semanas, a depender de quanto desse solo estiver nutrido.

No início do período chuvoso, ocorria o oposto. Mesmo após dias de boas chuvas, o reservatório não aumentava seu nível, pois o solo estava exposto e muito seco.

Assim, toda água que entrava no sistema era absorvida pela terra antes de aumentar o nível da represa. Esse fenômeno recebeu o nome de "efeito esponja".

DIAS CONTADOS

Segundo especialistas, o efeito que hoje tem feito o Cantareira aumentar seu nível tem os dias contados. Sem chuvas, a reserva de água no solo vai esvaziando até que este volte a ficar seco e exposto novamente. Assim, após os meses de seca, as próximas chuvas terão que nutrir novamente o solo antes que o nível do sistema volte a subir.

Editoria de Arte/Folhapress


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