Folha de S. Paulo


Noite violenta tem chacina e quatro mortos na zona norte de SP

Quatro pessoas morreram e uma ficou ferida após serem baleadas em três diferentes ataques, ocorridos entre a noite de quarta-feira (8) e a madrugada desta quinta (9), na zona norte de São Paulo. A polícia ainda investiga se há relação entre os casos.

Um dos ataques aconteceu por volta das 3h, na rua Arley Gilberto de Araújo, na região do Jaçanã, quando uma mulher e dois homens foram atacados a tiros na frente de uma padaria. Os disparos foram ouvidos por um morador, que acionou o 190. Os três, no entanto, morreram ainda no local.

De acordo com o boletim de ocorrência, as vítimas foram identificadas como Barbara Cristina de Andrade, 28; Elias Menezes dos Santos, 21; e José Rodrigo Silva de Lima, 21. Lima era cadeirante e já tinha passagem pela polícia por porte de drogas. A motivação do crime, porém, ainda está sendo apurada.

O caso foi registrado no DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), que ficará responsável pelas investigações. Até a tarde dessa quinta-feira nenhum suspeito tinha sido identificado.

Bruno Poletti/Folhapress
Policiais isolam local onde uma mulher e dois homens, um deles cadeirante, foram mortos a tiros no Jardim Felicidade
Policiais isolam local onde uma mulher e dois homens, um deles cadeirante, foram mortos a tiros

Outro crime aconteceu por volta das 21h, na rua Professor Ubaldo de Maio, também na região do Jaçanã, cerca de 3 km de distância dos outros assassinatos.

Segundo a polícia, pedreiro Edvan Gonzaga dos Santos, 39, chegava em casa em um Doblô prata, quando uma pessoa se aproximou e fez disparos contra ele, fugindo em seguida. O pedreiro foi encaminhado ao Hospital Luiz Gonzaga, mas não resistiu.

A esposa dele contou à polícia que estava dentro de casa quando ouviu os tiros. Segundo ela, Edvan já tinha sido condenado por homicídio e chegou a ficar preso por quatro anos. Ela, no entanto, não soube dizer se o pedreiro vinha sofrendo ameaças. O caso foi registrado no 73º DP (Jaçanã), mas ninguém foi preso pelo crime.

Um rapaz de 18 anos também ficou ferido em um outro ataque, a cerca de 4 km do triplo assassinato, na noite de quarta, por volta das 23h30. Segundo a polícia, o adolescente contou que estava na rua Gabriel Martins, no Tremembé, quando quatro homens, em duas motos, se aproximaram e atiraram diversas vezes em sua direção.

O jovem foi atingido no abdômen e foi socorrido ao Hospital São Luiz Gonzaga, onde permaneceu internado. A polícia não informou o nome do rapaz e seu estado de saúde. O caso foi registrado no 20º DP (Água Fria).

Procurada, a Polícia Civil informou que até o momento não identificou relação entre os crimes, que instaurou inquérito e realizou diligências para investigar as mortes.

A Secretaria de Segurança Pública (SSP) informa que foram efetuadas 139 prisões em flagrante nos dois primeiros meses deste ano na região do Jacanã, e que houve redução no número de homicídios dolosos na região se comparado ao mesmo período do ano passado: cinco em 2015 contra sete em 2014.

Além disso, informa que a PM apreendeu 12 armas de fogo e recuperou 50 veículos roubados no mesmo período na região, e que realiza operações nos pontos identificados como os com maior incidência de crimes.

VIOLÊNCIA

Os casos registrados entre a noite de quarta e a madrugada desta quinta não são isolados. A polícia já havia registrado outras noite violentas na região.

Entre os dias 24 e 25 de março, três pessoas morreram e quatro ficaram feridas em dois tiroteios. Em um deles, dois suspeitos de roubar um carro morreram após trocarem tiros com a PM. Já as outras vítimas foram baleadas após dois criminosos em uma moto fazerem os disparos dentro de um bar. Ninguém foi preso pelo crime.

No dia 23 de março, um policial da Tropa de Choque de 44 anos também foi morto a tiros na rua Carapuru, também na região do Jaçanã. O cabo chegava em casa de moto quando um veículo parou e efetuou vários disparos. O policial foi assassinado na frente do filho, que brincava na rua com outras crianças. Ninguém foi preso.

Um dia antes, um policial militar atirou em três pessoas da mesma família após uma briga de vizinhos. Jurema Cristina Bezerra, 39, morreu após ser atingida por três tiros no peito. O irmão dela foi ferido de raspão e a nora, de 18 anos, atingida por dois tiros. A jovem teve que passar por um parto prematuro, sendo que o bebê morreu dias depois.

No dia 16 de março, um PM foi morto depois de reagir a uma tentativa de assalto, no Tucuruvi. Raphael Camilo Passos foi abordado por três suspeitos quando saía de casa junto com um primo. Os dois iam para a Academia de Polícia Militar do Barro Branco (escola de formação de oficiais) e reagiram. O rapaz foi atingido na cabeça e morreu. Um bandido também foi morto.


Endereço da página:

Links no texto: