Folha de S. Paulo


PM anuncia trincheiras e uso de cabines blindadas em UPPs do Rio

O porta-voz do comando das UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora), o major Marcelo Cortage, anunciou nesta segunda-feira (6) que os contêineres usados nas bases das unidades serão substituídos por cabines blindadas para reforçar a segurança dos militares em serviço nas áreas de conflito.

"Estamos fazendo uma reorganização estratégica para operar melhor nas UPPs. Essa mudança passa pela troca dos contêineres atualmente usados por cabines blindadas e por pontos de fortificação, que irão funcionar como trincheiras formadas por sacos de areia e tonéis de concreto que podem ser mudados de lugar. Com isso, conseguiremos dar mais segurança aos militares e uma proteção em caso de ataques", afirmou o porta-voz.

O major rebateu as críticas de falta de preparo dos militares recém-formados e afirmou que todos são formados com a capacitação para atuarem no policiamento de proximidade. Mas, confirmou que alguns policiais têm dificuldades para atuar em determinadas áreas.

"Todos saem preparados para atuarem da melhor maneira possível nas condições adversas que podem enfrentar. Damos o treinamento para usarem as ferramentas, mas a prática ele só vai aprender estando no terreno."

Neste domingo (30), o governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão (PMDB), confirmou que o Complexo do Alemão vai passar por um processo de reocupação.

Pezão também afirmou que não será necessário o uso das Forças Armadas no Alemão. Atualmente, as UPPs contam com 1.230 policiais.

Na semana passada, quatro pessoas morreram no Alemão em menos de 24 horas, incluindo Eduardo de Jesus, garoto de dez anos, que foi baleado numa comunidade conhecida como Areal.

Ele ainda afirmou que os militares que já estão atuando nas bases irão passar por um treinamento de 64 horas com o (COE) Comando de Operações Especiais para reciclarem técnicas de abordagem, armamento e táticas. Além disso, os agentes serão capacitados para atuarem na mediação de crimes envolvendo menores.

O Ministério Público do Rio de Janeiro confirmou nesta segunda-feira (6) que existem mais de mil denúncias de policiais militares nos últimos dois anos contra as condições de trabalho e treinamento na corporação.

De acordo com a procuradora Glaucia Santana, durante visitas surpresas a bases foram encontradas irregularidades como falta de armamento, de água potável e condições insalubres para os militares.

Ainda segundo a procuradora, os problemas encontrados são causados por falta de investimentos. "Vemos que existe boa vontade dos gestores da PM, mas o empecilho tem sido causado pela ausência de verbas para os investimentos necessários."

Questionado sobre as denúncias de problemas estruturais nas bases das unidades, o porta-voz afirmou que a liberação de cerca de R$ 30 milhões anunciada pelo governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) vai ajudar a resolver essas falhas. "A verba irá ajudar imediatamente a suprir as necessidades das bases e as demandas futuras."


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