Um grupo de moradores do Complexo do Alemão, zona norte do Rio, participou, nesta segunda-feira (6), de uma reunião no gabinete do deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL), que preside a Comissão de Direitos Humanos da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro). Durante o encontro, o grupo relatou a falta de diálogo com representantes do Estado, afirmou Freixo.
De acordo com o deputado estadual, serão realizadas novas reuniões, em forma de audiência pública, no próprio Complexo do Alemão. Nelas, segundo Freixo, os moradores apresentarão reivindicações, e delas será formada uma pauta com as prioridades dos moradores.
"Na próxima sexta-feira (10) eu vou ao Complexo do Alemão para receber uma pauta preliminar. Depois, nós faremos os encaminhamentos para as secretarias responsáveis por cada assunto", disse Freixo.
O presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Federal, deputado Paulo Pimenta (PT-RS), e o deputado federal Jean Wyllis (PSOL), membro da comissão, também estavam presentes na reunião no gabinete de Freixo. Na parte da tarde, Pimenta foi ao Complexo do Alemão ouvir mais relatos de moradores.
De acordo com Freixo, estavam na reunião cerca de 15 moradores, em geral lideranças comunitárias, incluindo familiares de Elizabeth Alves de Moura Francisco, 41, morta na porta de casa na última quarta-feira (1).
"Foi um encontro que havia sido solicitado pelos próprios moradores. Todos eles estavam muito agoniados porque dizem não ter um canal de diálogo com o Estado. Queremos dar uma resposta concreta às reivindicações".
O deputado Jean Wyllis ressaltou que os moradores do complexo reclamam a falta de investimentos sociais das UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora). "Além de trazerem à tona os últimos casos de violência, eles também deixaram evidente o despreparo dos policiais para lidar com as situações do dia a dia e o desrespeito por parte de alguns agentes", concluiu o parlamentar.
De acordo com Wyllis, a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que investiga assassinatos da juventude negra na Câmara Federal, criada em fevereiro deste ano, fará diligências no Complexo do Alemão.