Folha de S. Paulo


Canais on-line de paquera focam grupos religiosos

Um relacionamento perfeito não cai do céu. Os evangélicos, desde 2009, têm uma ajudinha extra.

Trata-se do site Divino Amor, que já tem 1,9 milhão de usuários e surgiu para juntar casais protestantes.

O site funciona como o Tinder, aplicativo de paquera que ajuda homens e mulheres em busca de alguém.

Quem está a fim de namoro sério, faz um perfil e descreve o que gosta (trabalhos voluntários, ir à igreja) e sua denominação religiosa (Bola de Neve, Universal).

Aí é torcer para que apareça alguém interessado.

Também é possível escolher só pessoas de uma determinada igreja (só homens da Assembleia de Deus, só mulheres da Brasil para Cristo, por exemplo).

"Só coloquei que queria um evangélico e solteiro", conta a dona de casa Carinna Assis, 22. Com a ajuda do Divino Amor, ela conheceu Augusto Roberto, 28, administrador de cemitérios, com quem vai se casar em maio.

"Deus confirmou", diz ela.

Eduardo Anizelli/Folhapress
Silvio Ferreira e Mirais da Silva se conheceram no
Silvio Ferreira e Mirais da Silva se conheceram no "Tinder evangélico" e estão casados desde 2014

Quando se conheceram, Carinna tinha acabado o noivado com um rapaz kardecista. Para ela, as duas religiões não conviviam bem.

"Ele bebia, eu não. Eu queria ir no culto, ele não. Casal tem que caminhar junto", afirma ela.

SENSO DE COMUNIDADE

"Os evangélicos têm um senso de comunidade forte. Muitos só querem relacionamentos com pessoas do seu grupo. Algo parecido com os judeus", diz Gaël Deheneffe, executivo da Match.com, empresa dona do Divino Amor -e também do Tinder.

Os judeus também tem um canal para achar parceiros da mesma religião: o aplicativo JSwipe. É possível encontrar só religiosos ortodoxos ou reformistas, por exemplo.

Os católicos têm o Namoro Católico, site que cobra taxa de inscrição. Na página, há artigos sobre família e "ditadura homossexual". A Folha tentou contato com os donos do aplicativo por e-mail, mas eles não responderam.

O Divino Amor contratou um pastor para adequar o site aos evangélicos. Foi ele quem vetou referências a bebidas ou baladas. Agora, o religioso dá conselhos e tira dúvidas sobre relacionamentos -via e-mail- para casais que acabaram de se conhecer.

Para usá-lo plenamente, ou seja, poder mandar mensagens para outras pessoas, é preciso pagar uma mensalidade que chega a R$ 80. Sem a taxa, só é possível visualizar perfis.

NÃO CAI DO CÉU

A pesquisadora Mirais Conceição, 32, começou a conversar com o estudante Silvio Ferreira, 28, num dia em que o Divino Amor fez uma promoção e liberou conversas grátis. Trocaram ideia e telefones, mas os dois estavam "enrolados".

Já livres, Silvio a pediu em casamento na segunda vez em que se encontraram. Os dois se casaram em outubro de 2014 e moram em Suzano, na Grande São Paulo.

"O site ajudou muito. A Bíblia diz que a gente tem que orar e buscar. Não adianta esperar cair do céu", diz Mirais.


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