Folha de S. Paulo


Em 3 meses, mortes por dengue em São Paulo já superam total de 2014

O Estado de São Paulo ultrapassou, nos primeiros três meses deste ano, a quantidade de mortes por dengue registrada em 2014 inteiro.

Levantamento feito pela Folha nos 60 municípios paulistas que mais somam notificações da doença aponta que já existem pelo menos 92 mortes confirmadas –contra um total de 90 entre janeiro e dezembro do ano passado.

Editoria de arte/ Folhatress

O último número de vítimas divulgado até então pela Secretaria da Saúde do governo Geraldo Alckmin (PSDB) –que recebe dados das prefeituras, mas com atraso– indicava, na semana passada, 70 mortes por dengue na soma das 645 cidades paulistas.

Além de ter superado 2014, os dados apontam que a expansão da doença neste ano corre o risco de bater recordes em mais de duas décadas em São Paulo.

A soma de mortes no Estado também é a maior desde 2010, de acordo com relatório do Ministério da Saúde. Naquele ano, houve 141 óbitos, maior número desde 1990.

Segundo a pasta e especialistas em epidemiologia, por razões climáticas e pelo comportamento do mosquito causador da doença, o pico da dengue em São Paulo deve ser apenas em maio. Depois disso, com temperaturas provavelmente mais baixas e menos chuva, os índices de infestação devem ceder.

Editoria de Arte/Folhapress

Uma vacina capaz de combater os quatro tipos de vírus da dengue está em teste, mas só deve ficar pronta em 2016.

Especialistas apontam que ainda não há explicação clara para a evolução da doença, mas citam vários fatores que podem ter contribuído.

Por exemplo, a epidemia em cidades com população pouco imune (por não haver registro de dengue em anos anteriores) e a crise hídrica (por incentivar armazenamento de água nas casas).

CASOS SUSPEITOS

Além das 92 mortes confirmadas, há pelos menos mais 54 nos municípios consultados pela Folha sob suspeita de dengue sendo analisadas em laboratório.

O levantamento mostra que os casos estão espalhados por diversas regiões.

O município com mais mortes é Catanduva ( 385 km a noroeste de SP), com 18, seguida por Itapira ( 164 km de SP), com 9, e Penápolis (479 km a noroeste de SP), com 8.

Prefeituras de 15 cidades confirmaram uma morte.

Em geral, as vítimas são pessoas dos "extremos" de idade: ou muito novas ou muito idosas e com outras complicações de saúde.

A Prefeitura de Catanduva, que soma 10.806 notificações da doença no trimestre, avalia que a situação mais crítica de contaminação já passou e que a dengue está arrefecendo no município.

A velocidade com que os casos confirmados estão se espalhando por São Paulo –mesmo sem terem resultado em morte– também chama a atenção das autoridades de saúde. O Estado concentra metade dos registros do país.

No primeiro trimestre, eles já chegam a 51% do total de 2014: 100.100 contra 196.185, pelo último relatório do Centro de Vigilância Epidemiológica, de 26 de março.

No comparativo dos trimestres, há aumento de confirmações neste ano de 117%.

Na capital paulista, que tem três mortes e 21.783 notificações (casos sob suspeita) da doença, a prefeitura resolveu instalar tendas de atendimento ao público nos pontos com maior incidência, como a zona norte.

(JAIRO MARQUES, FERNANDA PEREIRA NEVES, GIOVANNA BALOGH E VENCESLAU BORLINA FILHO)


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