Folha de S. Paulo


Americano diz que filho foi vítima de racismo em loja na Oscar Freire

O americano Jonathan Duran, 42, diz que o filho dele de oito anos foi vítima de racismo na frente de uma loja na rua Oscar Freire, nos Jardins (zona oeste de SP).

De acordo com Duran, que é editor financeiro, ele e o filho foram tomar sorvete enquanto a mulher experimentava sapatos em uma loja. Na volta, conta o pai, ele parou em frente à loja Animale para fazer uma ligação para a mulher. Neste momento, segundo Duran, uma funcionária da loja falou para o filho: "Você não pode vender nada aqui". "Ele não estava vendendo nada. Na hora, fiquei sem reação. Falei 'ele está comigo, é meu filho' e saímos de lá".

Procurada, a loja informou que "sempre se posicionou de forma democrática em todas as suas expressões".
A Animale disse ainda que foram "pegos de surpresa por um episódio inesperado".

O editor financeiro conta que ficou sem reação diante da maneira como o filho adotivo foi tratado. Em seguida, ele retornou para a loja e entrou com o filho para ouvir algo da vendedora. "Ela estava com outros clientes e fingiu que não nos viu. Saí de lá, fiz a foto da fachada e postei no meu Facebook o desabafo", conta Duran, que não esperava tamanha repercussão do caso.

"O meu filho e eu fomos expulsos da frente desta loja enquanto eu fazia uma ligação porque, em certos lugares em São Paulo, a pele do seu filho não pode ter a cor errada", escreveu no seu desabafo. Até a tarde desta quarta (1º), a foto tinha mais de 3.300 compartilhamentos.

Duran diz que chegou a conversar com o filho, mas que ele não entendeu aquilo como racismo. "Ele só falou que estranhou, pois não estava vendendo nada". O pai diz que o menino estava bem vestido e usava camiseta, bermuda e boné na hora que foi constrangido.

Reprodução/Facebook
Foto da fachada da loja tirada pelo pai logo após o filho ser constrangido por vendedora
Foto da fachada da loja tirada pelo pai logo após o filho ser constrangido por vendedora

O americano conta que ainda não registrou um boletim de ocorrência, mas que não descarta a possibilidade de processar a loja. Segundo ele, além de treinamento adequado aos funcionários, a Animale deveria colocar modelos negros em suas campanhas de moda.

Em sua página no Facebook, a Animale diz que as lojas têm "uma grande equipe formada por profissionais das mais diversas etnias, orientações sexuais e credos. Sem limitações de imagens perfeitas impostas pela moda. Somos assim."

A nota diz ainda que são 76 lojas no Brasil e conclui: "Acreditamos na diversidade em todos os sentidos".


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