Folha de S. Paulo


PM ocupa área de milícia para implantar UPP em favelas da Maré, no Rio

Ao menos 50 policiais militares do Batalhão de Choque iniciaram no fim da noite desta terça-feira (31) a ocupação das favelas Roquete Pinto e Praia de Ramos, duas das 16 favelas do Complexo da Maré, na zona norte do Rio. A polícia substituiu aos poucos os militares da Força de Pacificação do Exército.

Até a manhã desta quarta-feira (1º), não havia sido registro nenhum confronto. Apenas três motos roubadas haviam sido recuperadas. As favelas Roquete Pinto e Praia de Ramos são dominadas por milicianos e, segundo a inteligência da polícia, apesar disso o lugar não tem atuação de homens armados.

"O processo de transição começa aqui porque é a área onde o Exército teve menos problemas ao longo da ocupação. Embora seja reconhecidamente um lugar de atuação de milícia não é de homens armados. Isso porque os milicianos atuam de forma discreta e, até certo ponto, é muito mais difícil de caracterizar e prender", afirmou o porta-voz da PM, coronel Frederico Caldas, à Folha.

Questionado sobre ruas de condomínios fechados pela milícia para cobrança de taxas de moradores e comerciantes nas duas favelas, o coronel afirmou que um ex-PM do grupo paramilitar foi identificado como uma das lideranças e já é procurado pela polícia. O nome do suspeito não foi divulgado.

Ainda de acordo com Caldas, a UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) da Roquete Pinto e Praia de Ramos deve ser implantada em 60 dias. No dia 1º de maio, a ocupação se estende às favelas Nova Holanda e Parque União, dominadas pelo tráfico.

O conjunto de favelas contará com 1.620 PMs em quatro UPPs até 30 de junho. A PM estuda construir um novo prédio para o 22º Batalhão da Maré em São Cristóvão, zona norte, para transferir a tropa da unidade e usar a atual sede deles com policiais da UPP.

Sobre a crise em parte das UPPs na cidade, Caldas destacou que ainda é preciso acreditar no projeto. "Existe um clima de pessimismo em relação a pacificação. Se der errado, vai todo mundo para o buraco. Vai para o buraco a polícia, a sociedade, vai todo mundo", disse o porta-voz da PM.


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