Folha de S. Paulo


Para atacar de dia, mosquito da dengue evoluiu para ser eficiente

A hora em que o mosquito da dengue costuma caçar pode estar relacionada à evolução e à interação com outras espécies. Cada uma tem um "período ótimo" e elas alternam para se aproveitar da melhor forma do animal picado.

Os mosquitos do gênero Aedes, que transmitem dengue e chikungunya, geralmente picam durante o dia, ao passo que os mosquitos do gênero Culex (também conhecidos como pernilongos ou muriçocas), têm um hábito mais noturno.

Editoria de Arte/Folhapress

O mecanismo evolutivo que pode explicar esse comportamento é chamado de exclusão competitiva, explica Paulo Ribolla, professor da Unesp de Botucatu.

Um humano ou animal pode suportar, sem perceber, alguns poucos mosquitos sugando seu sangue de cada vez.

Com várias espécies (e indivíduos) competindo pelo mesmo hospedeiro ao mesmo tempo, a chance dos insetos serem aniquilados pelo animal picado é alta, o que, do ponto de vista evolutivo, não é interessante (já que esse indivíduos não deixarão filhotes), explica Ribolla.

A solução encontrada pela natureza para lidar com o problema foi a especialização das espécies em atacar em determinados horários.

Os pernilongos são mais lentos e tímidos, e para eles é mais conveniente sugar o sangue enquanto a vítima dorme.

Já os Aedes acabaram ocupando o que sobrou –a manhã e a tarde. Eles tem que ser ágeis e eficientes para não serem retaliados, o que significa sugar todo o sangue que conseguem no menor tempo possível.

Mesmo assim, a preferência por um tempo mais ameno prevalece: o mosquito da dengue prefere picar no início da manhã e no fim da tarde, quando a temperatura não é tão alta.


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