Folha de S. Paulo


Frequentador instala pesos em academia de rua e gera controvérsia

Bastaram alguns minutos de exercício para a respiração de José Reinaldo, 59, começar a se alterar. Pudera: além de já não contar com o mesmo fôlego de anos atrás, ele utilizava um equipamento para ginástica com pesos adicionais.

O aparelho, um dos que integram uma academia pública instalada pela prefeitura no Ipiranga (zona sul de SP), foi adaptado por um frequentador. Quatro discos de freio automotivos, pesando cerca de 5 kg cada, foram parafusados no equipamento.

Moacyr Lopes Junior/Folhapress
SAO PAULO, SP, BRASIL. 04.02.2015. Moradores do Jardim da Saude fazem exercicio em equipamento publico que foi adaptado pesos para melhorar a performance. (Foto: Moacyr Lopes Junior/Folhapress, COTIDIANO). ***EXCLUSIVO***
Moradores do Jardim da Saúde fazem exercício em equipamento público adaptado com pesos

Muitos dos idosos que se exercitam no local, na rua Antônio Carlos da Fonseca, gostaram da mudança, mas a aprovação não é unânime.

José Reinaldo diz que sua mulher deixou de usar o aparelho após a instalação dos pesos. "Ficou pesado para ela. O certo seria o projeto original."

Já Vani Gomes, 51, que frequenta o local há três anos, diz ter gostado do "upgrade". "Esse peso a mais não chega a ser prejudicial", diz.

Em nota, a Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente afirmou que os aparelhos públicos "devem ser utilizados sem alteração". Após o contato da reportagem, a subprefeitura do Ipiranga removeu os pesos adicionais.

Se no Ipiranga há aqueles que desaprovam a intervenção na academia pública, no parque do Ibirapuera é difícil não reparar na ação de Luiz Claudio Mandarino, 49.

Luizão, como é conhecido, criou uma academia com pesos feitos de rodas de carro, galões de água e potes cheios de cimento. "Quem vê esse concreto todo pensa que voltamos à idade da pedra", diz.

A "academia", próxima à pista de cooper, tem cerca de 30 itens, com 3 kg a 120 kg.

"Comecei pegando os troncos que demarcam a pista de cooper. Como era difícil segurar aquilo, passei a fabricar esses", conta o professor de educação física, que mantém os pesos no local há oito anos.
Três anos depois da chegada da "academia", a prefeitura instalou aparelhos de ginástica no local.


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