Uma avalanche é a melhor definição para o tumulto formado por gays, travestis e lésbicas para tirar uma selfie (autorretrato) com o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), nesta sexta-feira (27).
Com paciência e sorridente, Haddad atendeu a todos os pedidos durante a inauguração do Centro de Cidadania LGBT, na região do Arouche (centro).
Antes do alvoroço causado no encerramento, a cerimônia teve emoção.
Com lágrimas nos olhos, a assistente social Tais Sousa, 33, interpretou Balada de Gisberta, de Maria Betânia, na abertura da cerimônia. "Eu me inspirei na morte do travesti brasileiro assassinado em Portugal em 2006 [Gisberto Sauce Neto] para transmitir o que sinto. Infelizmente, no Brasil sempre precisamos mostrar a dor de outra pessoa para evitar que se repita e pedirmos mais direitos", disse.
Sousa conta com orgulho a experiência de superação para ser a primeira travesti assistente social da América Latina. "Eu sofri muito preconceito na faculdade porque eu estava num meio onde tinha muitas mulheres de vereadores e pessoas importantes que não me aceitavam. Estou aqui para mostrar que todas podem conquistar seu espaço, pois já morei na rua, sofri transfobia e venci."
Casada há quatro anos, Sousa não deixa de comentar, com respeito, sobre a fama do "prefeito gato". Eu acho [o Hadadd] muito charmoso e muito elegante. Mas o mais importante é ter um olhar diferenciado para a diversidade sexual. Temos de dar mérito para as pessoas que olham pelas minorias e valorizam as diferenças, como o Haddad", disse.
O Centro LGBT substitui o atendimento do Centro de Combate à Homofobia, que funcionou no Pateo do Colégio até março de 2015. A nova estrutura conta com 20 funcionários, entre psicólogos, advogados, assistentes sociais e agentes de direitos humanos.
O centro custou R$ 1 milhão, sendo R$ 200 mil repassados pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República e R$ 800 mil da Prefeitura de São Paulo. O local funcionará de segunda a sexta-feira, das 9h às 21h.