Maria Odette Ribeiro Leite era sempre a primeira da classe, tirava nota máxima em todas as matérias. Tinha um talento maior para a matemática, tanto que pensava seguir carreira na área.
Ao cursar o antigo científico, porém, um excelente professor de biologia mudou suas expectativas. Arrebatada pela disciplina, percebeu que seu futuro era na medicina.
Em 1952, formou-se pela USP. Especializou-se em endocrinologia e metabologia e, por mais de quatro décadas, trabalhou no Hospital das Clínicas da universidade, pela qual também deu aulas.
Ao completar 70 anos, em 1997, aposentou-se compulsoriamente. Inconformada, pois ainda se sentia plenamente produtiva, continuou por mais uma década como voluntária. Até 2007, também manteve seu consultório particular.
Nos anos 60 e 70, foi ainda perita do INPS (hoje INSS), tornando-se chefe na agência do Ipiranga, na zona sul.
Por seu trabalho, recebeu homenagens e honrarias.
Sem filhos ("era casada com a medicina", diz a família), a paulistana dedicou-se aos sobrinhos. Adorava levá-los para viajar. Certa vez, pegou dois deles e uma irmã e foi de carro até o Nordeste.
As horas de folga eram gastas com uma comunidade católica e ajudando entidades assistenciais —preocupava-se muito com os mais pobres. Apreciava ainda cinema, teatro, música e literatura.
Há três anos, foi diagnosticada com mal de Parkinson. Já não falava mais, mas continuava lúcida. Ainda assistia a programas de TV e à missa de Aparecida ao final do dia.
Morreu no dia 17, aos 87 anos. Deixa cinco irmãos.