Folha de S. Paulo


IBGE usa movimento pendular para determinar se cidades se relacionam

O IBGE define critérios para o que considera conglomerações urbanas desde 1969, quando delimitou quais eram as áreas metropolitanas do Brasil.

Agora, o instituto apresenta um novo conceito de relacionamento entre duas ou mais cidades, que nomeou arranjos populacionais.

Há dois fatores que determinam se um conjunto de municípios forma um arranjo. Um é a conurbação. O outro é a intensidade dos movimentos pendulares entre as duas cidades.

O índice que determina o grau de relação leva em conta a quantidade de pessoas que viajam para estudar ou trabalhar em município vizinho e o compara com o total de estudantes e trabalhadores da cidade.

Um exemplo é o arranjo formado por Campos dos Goytacazes e São João da Barra, no Rio de Janeiro. Cerca de 4 mil se deslocam entre as duas para estudar ou trabalhar.

Concentração urbana

Essa quantidade representa um quarto dos estudantes e trabalhadores de São João da Barra. Portanto, pelo critério do IBGE, ela está em um relacionamento sério com Campos dos Goytacazes.

A interação de população entre essas duas não é excepcionalmente forte. Ela é a mínima para que os dois municípios sejam considerados um arranjo.

INTERNACIONAL

O critério de ligação de população vale também para municípios que têm limites com cidades além da fronteira do Brasil.

São cidades brasileiras que formam arranjos com vizinhas de outros países, e os dados delas também foram levantados –mais de 2 milhões de pessoas vivem nelas.

São 27 pontos na fronteira nos quais a interação entre as populações. Só no Rio Grande do Sul há 12. Na região Norte inteira, são 6.

A presença maior de arranjos internacionais no Sul se dá por "fatores históricos de formação", diz Silva, do IBGE. Ou seja, a ocupação nas cidades próximas dos limites do sul do país já se deu com uma interação entre os dois lados da fronteira.

A maior de todas essas conglomerações, com 675 mil habitantes, é a de Foz do Iguaçu, que forma parte de um arranjo com a Ciudad del Este, no Paraguai.

PIB

O IBGE também levantou o valor do PIB per capita dos arranjos. Os nove que têm mais de 2,5 milhões de habitantes apresentam variações entre o PIB per capita da principal cidade que compõe o conglomerado com o conjunto inteiro.

O da cidade de Brasília, o maior do país, cai de R$ 58 mil por pessoa e vai para pouco menos de R$ 46 mil ao se incluir o entorno da capital federal. Apesar da queda, segue sendo o maior do Brasil.

A maior queda percentual é a do Rio: 22,8% a menos (de R$ 30 mil para R$ 23 mil). A menor desigualdade é a de Curitiba, uma variação de menos de 1%.

Em Salvador o fenômeno é o reverso: o PIB per capita do arranjo é de R$ 21 mil, e só o da cidade, R$ 13,6 mil. Isso porque há muitas empresas no entorno da capital baiana, o que não significa que essa renda permaneça na cidades da região metropolitana.

Editoria de Arte/Folhapress

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