Folha de S. Paulo


Antonio Iasi Jr. (1920-2015) - Religioso defensor dos direitos indígenas

Padre ordenado em 1954, Antonio Iasi Jr. destacou-se como um dos principais defensores dos direitos indígenas nos anos 1970 e 1980.

Um dos fundadores e ex-secretário-executivo do Cimi (Conselho Indigenista Missionário), criado em 1972, ajudou a elaborar uma nova visão sobre o trabalho missionário, preconizando um envolvimento direto dos religiosos nas demandas das etnias, incluindo o direito à terra.

Iasi lecionou no colégio São Luís, em São Paulo, sua cidade natal. Nos anos 1950, trabalhou em Roma, como assessor de um cardeal brasileiro.

Seu primeiro trabalho indigenista deu-se com os rikbaktsa, em Juruena (MT), por dois anos. Na década de 1960, ajudou a fazer o contato com os tapayuna, então chamados de beiços de pau, ao lado do padre Adalberto Pereira, da prelazia de Diamantino (MT).

Grande conhecedor da Amazônia, esteve em várias aldeias para elaborar radiografias sobre a situação do índio e o trabalho missionário.

Sua atividade no Cimi foi marcada por enfrentamentos com a ditadura militar. Pelas críticas à política indigenista oficial e pela ajuda que ofereceu à nascente organização dos índios em defesa de seus direitos, angariou a antipatia dos generais, que chegaram a proibir, por determinado tempo, que ele ingressasse em terras indígenas.

Um dos braços do Serviço Nacional de Informações fez um dossiê com mais de 300 páginas a respeito de Iasi.

Em 2000, recolheu-se à casa de idosos jesuítas em Belo Horizonte. Morreu de insuficiência respiratória e pneumonia, aos 94, no domingo (22). Deixa duas irmãs.

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