Folha de S. Paulo


Sem-teto constrói barco-casa na baía de Guanabara

Um sem-teto do Rio de Janeiro encontrou uma solução para se sentir mais protegido durante a noite e se livrar do risco de ver sua barraca destruída por agentes de limpeza: passou a viver em um flutuante na baía de Guanabara.

O desempregado Hamilton Cunha Filho, 30, construiu a pequena embarcação com materiais que encontrou no lixo. A história dele chamou a atenção da imprensa estrangeira, Cunha Filho foi tema de reportagem da agência de notícias France Presse recentemente.

Ele virou tema por ter "uma das melhores vistas do mundo: a espetacular baía de Guanabara, com o Pão de Açúcar ao fundo, onde acontecerão as competições de velo dos Jogos Olímpicos de 2016".

As águas da baía, no entanto, são poluídas porque recebem o esgoto do Rio de Janeiro e de cidades da Baixada Fluminense. Neste ano, o secretário de Ambiente do governo do Estado, André Corrêa, afirmou que a despoluição não irá acontecer até os jogos.

Segundo a nota, a balsa de Hamilton tem um teto de plástico para proteger da chuva, um remo de bambu, e, no alto, uma garrafa de plástico vermelha, na qual, à noite, ele coloca uma vela para que as lanchas e barcos o enxerguem e não o atropelem. O morador do barco-casa não ancora longe da margem, para aonde vai nadando.

"Quando eu tiver tempo, vou ampliar, construir uma casa maior", disse o sem-teto, que também afirmou se sentir mais mais protegido contra ladrões ou eventuais agressores.

A imprensa estrangeira lembra que a moradia é um grave problema na cidade do Rio, onde os preços dos imóveis subiram nos últimos cinco anos e na qual um terço da população vive em favelas sem saneamento nem serviço público.


Endereço da página:

Links no texto: