Folha de S. Paulo


Milton Felipe de Albuquerque Lins (1927-2015) - Precisão cirúrgica também com as palavras

O gosto pelas letras fez Milton Lins cogitar fazer carreira no direito, mas acabou demovido da ideia ao conhecer o trabalho de médicos.

Tornou-se um prestigiado cirurgião cardíaco e professor das melhores universidades de medicina de Pernambuco, seu Estado natal —era de Cabo de Santo Agostinho.

Linhas, agulhas e suturas, porém, eram permeadas por pensamentos literários, que ele traria a público depois da aposentadoria, em 2010.

Nesse mesmo ano, já seria reconhecido por seus novos pares. Preciso também com as palavras em inglês, francês e espanhol, recebeu o prêmio da Academia Brasileira de Letras de melhor tradutor pelo livro "Pequenas Traduções de Grandes Poetas".

Além de transpor obras de estrangeiros (como Shakespeare e Rimbaud) para o português, escreveu seus próprios contos ou memórias de viagem —incluindo aí os meses em que viveu em Paris para fazer uma especialização.

Compilou ainda as cartas que trocou com Maria, hoje sua viúva, durante o tempo passado em São Paulo. Vizinhos no Recife, conheciam-se desde crianças, mas só viriam a se casar depois dos 20 anos. Juntos, tiveram três filhos (todos médicos) e três netos.

Membro da Academia Pernambucana de Letras e de outras entidades ligadas à literatura e à medicina, também era fã de esportes. No futebol, torcia para o Santa Cruz.

Morreu no domingo (8), aos 87 anos, de leucemia, doença que já havia enfrentado na década de 1970.

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