Folha de S. Paulo


Epidemia ocorre em cidades de SP que eram 'virgens da dengue', diz ministro

O ministro da Saúde, Arthur Chioro, disse na manhã desta sexta-feira (6) que a epidemia de dengue no Estado de São Paulo ocorre em cidades que "não se prepararam" e em locais que eram "virgens de dengue".

"Se formos analisar as cidades que apresentam epidemia, elas ficam em lugares que eram 'virgens' de dengue. Elas pagam o preço de nunca terem pego a doença antes", disse em evento na zona sul de São Paulo.

De acordo com o ministro, o governo federal repassou R$ 16,5 milhões para os municípios paulistas desenvolverem ações voltadas ao combate à dengue, além de R$ 3,8 milhões para o governo estadual. Apesar do repasse, "nunca houve nenhuma situação similar" ao atual surto da doença em cidades do interior do Estado.

"Tem algumas regiões que não estão fazendo o dever de casa, tanto do ponto de vista da prevenção como no do atendimento aos casos de dengue. O período de seca é um agravante, mas não podemos colocar a culpa em São Pedro se não fizermos a prevenção durante todo o ano."

Danilo Verpa/Folhapress
Ministro da Saúde, Arthur Chioro, participou de evento sobre a dengue na zona sul de São Paulo
Ministro da Saúde, Arthur Chioro, participou de evento sobre a dengue na zona sul de São Paulo

Segundo dados do Ministério da Saúde, o Estado de SP registrou 51,8 mil notificações de suspeita de dengue desde o início do ano até 14 de fevereiro. O número é 900% superior ao verificado no mesmo período de 2014.

Hoje, São Paulo é o terceiro Estado com maior incidência da doença em todo o país (117,7 casos a cada 100 mil habitantes), atrás apenas de Goiás (221,7) e Acre (517,3).

A cidade de Trabiju (a 308 km de SP) é a campeã em número de casos, com média de uma pessoa contagiada a cada 14 moradores. Na capital paulista, houve o registro de 563 ocorrências, mas nenhuma delas considerada grave.

Em todo o país, houve aumento de 139% no número de notificações de dengue (que incluem suspeitas e casos confirmados), passando de 73.135 no início de 2014 para 174.676 neste começo de ano. Os dados foram atualizados pelo Ministério da Saúde nesta quarta (4).

Em contrapartida, caiu em 37% o número de mortes em decorrência da doença no Brasil (de 62 para 39).

O Ministério da Saúde anunciou um pacote de ações para tentar reduzir a incidência da enfermidade em todo o país. Entre as medidas, estão a distribuição de um protocolo para atendimento de casos suspeitos em todas as unidades de saúde e um curso de duas horas para os profissionais do SUS (Sistema Único de Saúde), além da criação de uma central de atendimento por telefone para auxiliar os médicos que tiverem dúvidas.

REDUÇÃO DO MAIS MÉDICOS

O ministro também comentou o relatório desenvolvido pelo TCU (Tribunal de Contas da União), que aponta que 49% das cidades atendidas pelo programa Mais Médicos tiveram redução no número de profissionais.

Segundo Chioro, a diminuição aconteceu porque muitos médicos improdutivos foram demitidos assim que as prefeituras receberam o reforço do Mais Médicos.

"Nós jogamos pesado com os municípios. Na maior parte dos casos [de redução no quadro médico], o programa empoderou prefeitos a serem mais rigorosos com médicos que não cumpriam a carga horária. Os profissionais foram substituídos, isso só não aparece no relatório porque ele só mostra até abril do ano passado."

Um dos criadores do programa, o atual secretário municipal de Relações Governamentais, Alexandre Padilha (PT), afirmou que houve a "moralização do atendimento" no SUS. "A população quer mais médicos que façam consultas. E o número de consultas aumentou. Se isso aconteceu, é porque o cara que saiu não estava trabalhando."

Dos 3.785 municípios que se cadastraram para receber o reforço do Mais Médicos, apenas dez foram desligados por não cumprirem com as exigências do programa, segundo o Ministério da Saúde.


Endereço da página:

Links no texto: