Folha de S. Paulo


Vital Dias (1960-2015) - Batucador de carteira, virou hit dos Paralamas

Num dia no início dos anos 80, Vital faltou a um show dos Paralamas do Sucesso, ausência que tirou da banda o então baterista, substituído por João Barone. Sem Vital se consolidou o grupo carioca.

A música, afinal, nunca foi mesmo seu grande interesse. Anos depois de deixar os Paralamas, participou da banda de heavy metal Sadom, quase uma forma de ocupar a mística de baterista atribuída a ele por Herbert Vianna, por ser "bom batucador da carteira do cursinho" onde se conheceram no Rio em 1979, como conta o amigo Barone, que herdou suas baquetas.

Seus interesses alheios ao rock viraram os versos de "Vital e sua Moto", hit que elevou os Paralamas ao sucesso com o disco "Cinema Mudo" (1983), quando Vital já não se encontrava entre eles.

Seu nome também é lembrado na canção "Dos Margaritas", de 1993, que levanta a hipótese "e se Vital escrevesse a Constituição"?, uma referência ao seu bom humor.

Formado em engenharia mecânica, era funcionário público num hospital de Teresópolis (RJ), onde vivia com a mulher e dois filhos.

A moto, uma Yamaha DT, Vital vendeu ainda na década de 1980. Dos tempos de música, sobrou a criatividade para fazer vinhetas de versos do rock brasileiro dos anos 1970, e uma paixão (quase identificação) por Keith Moon, baterista com passagem meteórica pelo The Who, morto em 1978.

Vital Dias morreu na terça-feira (3), após ter sido diagnosticado no ano passado com câncer no intestino. Foi velado e enterrado no cemitério municipal de Teresópolis. Faria 55 anos nesta quinta.

coluna.obituario@uol.com.br


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