Folha de S. Paulo


Militar admite ter atirado em caso que jovem filmou a própria morte

Um dos nove policiais militares envolvidos na operação que terminou com a morte de um adolescente, durante ação na favela da Palmeirinha, na zona norte do Rio, admitiu nesta segunda-feira (2) que realizou disparos de fuzil após entrar na comunidade. Segundo ele, o veículo no qual estava teria sido atacado por criminosos.

Durante o depoimento realizado na 30ª DP (Marechal Hermes), o sargento Ricardo Wagner Gomes afirmou que os PMs foram recebidos a tiros quando entraram na comunidade e que os disparos foram realizados para revidar a agressão.

Já os PMs Alan de Lima Monteiro e Carlos Eduardo Domingues Alves, que também estavam no carro, negaram ter realizado disparos.

Os nove PMs que participaram da operação prestaram depoimento nesta segunda-feira e podem responder pelos crimes de homicídio e fraude processual.

De acordo com a Polícia Civil, o fuzil utilizado durante a operação foi apreendido para que seja feito o confronto balístico com a bala que matou o jovem. Ainda segundo os agentes, será feita uma reprodução simulada do crime, mas ainda sem data definida.

A operação que culminou com a morte de Alan Souza Lima, 15, foi realizada na sexta-feira (20) na zona norte da cidade. Ele foi atingido por um tiro enquanto gravava um vídeo usando o celular.

O vídeo gravado pelo jovem que morreu mostra o momento em que ele e um amigo estavam andando de bicicleta e começam a correr. Cerca de um minuto depois os jovens foram baleados e caíram no chão. Após eles serem atingidos, os militares chegam ao local e questionam o porquê de terem corrido. Um deles afirma que estavam brincando e que não haviam avistado os PMs.

A Polícia Civil chegou a divulgar uma nota afirmando que os dois haviam sido feridos durante um confronto com PMs e que um revólver e uma pistola foram apreendidos durante a operação, fato que foi desmentido após a divulgação do vídeo.

Os nove militares envolvidos na operação foramafastados e o comandante do 9ºBPM (Rocha Miranda), tenente coronel Luiz Garcia Baptista foi exonerado.


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