Folha de S. Paulo


'Não é um amor de cadeia', afirma Suzane sobre companheira na prisão

Em entrevista exibida na noite desta quinta (26) em programa de TV, Suzane von Richthofen, 31, condenada a 38 anos e seis meses de prisão pela morte dos pais, falou sobre o seu relacionamento com uma mulher na prisão.

"A gente tem uma vida juntas. Não é um amor de cadeia", afirmou no "Programa do Gugu", da Rede Record.

Suzane disse que ela e Sandra Regina Ruiz Gomes, 31, são namoradas, e que não estão casadas. Ela contou que as duas vivem numa cela da Penitenciária Feminina 1 de Tremembé, no Vale do Paraíba, que abriga 18 mulheres, todas casais. No local, só há camas de solteiro. "Cada uma tem a sua própria cama."

Suzane contou que conheceu a companheira em 2007, quando chegou ao presídio. "Sandra namorava outra menina, a gente acabou se aproximando, ficou muito amiga", disse Suzane.

"[No início] Não sabia muito bem como lidar. Não foi muito fácil assumir que eu gostava de outra mulher."

Ela afirmou que, antes de Sandra, seu único relacionamento foi com Daniel Cravinhos, também condenado pelo assassinato dos pais dela.

Apesar dos planos de "conviver" fora da cadeia, Suzane negou que o relacionamento tenha motivado a sua recusa, em 2014, em passar para o regime semiaberto, em que poderia trabalhar de dia fora da prisão. Agora, Sandra obteve o mesmo benefício.

A entrevista ocorreu antes da decisão da Justiça, publicada no dia 12, justificada pelo tempo de pena já cumprido –mais da metade– e pela "boa conduta carcerária".

"Isso não quer dizer que a gente vá se separar [se uma delas aceitar o benefício]. Tem que seguir a vida."

Condenada a 27 anos (reduzidos para 24 anos) pelo sequestro e morte de um jovem em Mogi das Cruzes (Grande SP), Sandra ainda não indicou se aceitará o semiaberto.

Sandra e Suzane passaram a viver juntas em setembro, após assinarem documento de reconhecimento de relacionamento afetivo, como a Folha mostrou em outubro.

CRIME PREMEDITADO

Na primeira parte da entrevista, exibida na noite de quarta (25), Suzane deu detalhes sobre o assassinato dos pais, ocorrido em 2002. Afirmou que o crime foi planejado durante meses por ela, Daniel e o irmão dele, Cristian.

"Todos dizem que eu sou a mentora, a cabeça de tudo. Não é verdade. Uma cabeça só não pensa em tudo. É uma junção de tudo, concorrência de ideias. Eu fiz parte, mas os três bolaram aquilo. Eu acho que o Cristian sabia menos da situação", disse.

Em entrevistas anteriores, Suzane havia apontado os Cravinhos como idealizadores. A Promotoria sempre a considerou a mentora.

Suzane se disse arrependida. "Isso é uma coisa que não tem como esquecer. Faz parte da minha vida, da minha história. Eu me arrependo."

Ela disse ainda que não vê o irmão, Andreas, desde 2006, quando houve o julgamento. "Eu sei que meu irmão sofreu muito, mas como ele passou estes anos, eu não sei. Se eu sofri aqui dentro [no presídio], imagino ele lá fora. Quando ele diz o sobrenome, qualquer um reconhece, e ele terá que carregar isto para sempre."

Ela diz acreditar que um dos motivos do afastamento pode ter sido a herança, da qual abriu mão em 2014. Na entrevista, afirmou não ter consciência do valor: "Este dinheiro nunca foi meu. Era dos meus pais e hoje pertence ao meu irmão."


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