Folha de S. Paulo


Alckmin nega 'gatilho' de 14% para adoção de rodízio de água

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), negou nesta quinta-feira (19) que já tenha sido definido um 'gatilho' para adoção de rodízio de água para a Grande São Paulo.

"Não há nenhuma procedência nessa informação. Não há nem discussão sobre isso", disse o tucano.

A Folha mostrou nesta quinta que, nas projeções do governador estadual e da Sabesp, o rodízio de água será evitado se as chuvas conseguirem elevar o nível do sistema Cantareira a um patamar entre 13% e 14% até o final de março e se as obras emergenciais previstas para elevar a capacidade dos reservatórios não atrasarem.

Nesta quinta, o Cantareira passou de 8,9% para 9,5% –percentual, ainda considerado crítico, que inclui duas cotas de volume morto. No primeiro dia de fevereiro, o nível estava em 5%.

Segundo o governador, ainda não foi definido nem data nem um percentual para decisão se haverá ou não um corte no abastecimento de água. "A gente não deve neste momento fazer essa discussão. Nós estamos avaliando dia a dia."

A integrantes de seu governo, Alckmin tem afirmado que o pacote de obras emergenciais, como a de transposição de águas da Billings, pode somar até sete pontos percentuais aos reservatórios. Parte da projeção foi apresentada pelo tucano na semana passada, em reunião com o comitê da crise hídrica.

O tucano afirmou ainda que no início de março será iniciada a obra de interligação do rio Grande, braço da represa Billings, ao sistema Alto Tietê. A expectativa é que a obra fica pronta apenas no final de junho deste ano.

Para que o rodízio seja evitado, as chuvas têm que continuar, e as obras precisam adicionar cerca de 3,5 mil litros por segundo aos reservatórios que abastecem a Grande São Paulo (hoje são 54 mil litros por segundo).

Segundo integrantes do governo e da estatal ouvidos pela reportagem, Alckmin tem afirmado que essa "soma das águas" afastaria a necessidade de um racionamento nos meses de seca, entre maio e setembro. Esse cálculo leva em conta um cenário em que a pressão continue reduzida e a população não eleve o consumo.

CAIXAS-D'ÁGUA

Em outra frente, numa tentativa de minimizar o impacto da redução de pressão nas periferias, a Sabesp firmou um convênio com a Defesa Civil que prevê a distribuição de 25 mil caixas-d'água para famílias de baixa renda que não tenham um reservatório.

Mesmo sem a adoção de um rodízio de água oficial, algumas regiões ficam dias com as torneiras secas porque a pressão reduzida não consegue levar a água até as extremidades e áreas mais altas da Grande São Paulo.


Endereço da página:

Links no texto: