Folha de S. Paulo


Reservatório Paraibuna sai do volume morto após chuvas no fim de semana

O principal reservatório do rio Paraíba do Sul, a única fonte de abastecimento de água do Estado do Rio, saiu do volume morto no último domingo (8).

O nível do Paraibuna, que fica na cabeceira do Paraíba do Sul e influencia toda a vazão que corre para outros três reservatórios do sistema, chegou a 0,08%, após 19 dias no volume morto.

Especialistas consultados pela Folha, contudo, afirmam que a volta ao volume útil– quando o nível do reservatório fica acima do volume morto– é possivelmente momentânea, já que embora tenha havido chuvas nos últimos dias, a precipitação dos últimos meses continua abaixo da média.

O Paraibuna tem dois usos: geração de energia e abastecimento. Chegar ao volume morto significa que a barragem não tem mais água suficiente para gerar energia, mas que ainda tem para consumo humano.

Ele fica na cidade de mesmo nome no Vale do Paraíba paulista e é compartilhado entre os dois Estados. O governo do Rio calcula que dos cerca de 2,098 trilhões de litros de capacidade do volume morto do Paraibuna, 400 bilhões de litros sejam de direito do Estado. O volume é maior que os 328,5 bilhões de litros de água dos reservatórios do sistema cantareira, do qual a primeira cota já foi totalmente consumida.

O governo calcula que a água abasteceria cerca de 12,5 milhões de pessoas na capital e região metropolitana no Rio por cerca de seis meses.

"São variações normais que não excluem o fato de que não chegaremos ao final de abril, quando termina o período chuvoso, em situação confortável. O ideal seria chegarmos a esse momento com uma média de 50% dos reservatórios cheios, o que é impossível", disse Paulo Carneiro, pesquisador do Laboratório de Hidrologia da Coppe/UFRJ.

A média dos quatro reservatórios do Paraíba do Sul estava no último domingo em 2,17%, volume 0,96 ponto percentual maior que o 1,21% da última quinta. Com a recuperação de Paraibuna, apenas um reservatório dos quatro do sistema do Estado permanece no volume morto: o de Santa Branca. Os dois restantes subiram de volume na última semana para 3,19% e 13,05%.

"Podemos voltar ao volume morto se não chover nas próximas semanas", afirma Júlio César de Oliveira Antunes, diretor do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Guandu. O Guandu é o rio que coleta água no Paraíba do Sul e abastece a capital do Estado.

Em visita ao Rio nesta segunda (8), a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, afirmou que a situação do Estado ainda não é tão crítica quanto a de São Paulo, mas anunciou que a vazão do Paraíba deverá ser reduzida pela quarta vez nos últimos seis meses para conservar a água dos reservatórios.


Endereço da página: