Um estudante de 18 anos corre o risco de perder a visão do olho esquerdo por causa de um trote violento em Adamantina, a 594 km da capital.
O ataque ocorreu durante o trote com calouros da FAI (Faculdades Adamantinenses Integradas), na segunda (2) –mesmo dia em que outra aluna, Nathália de Souza Santos, 17, teve as pernas queimadas.
Morador de Tupã (a 533 km da capital), o jovem, que é calouro do curso de engenharia ambiental e pediu para não ser identificado, contou que os alunos veteranos abordaram os calouros na chegada do campus da faculdade, que tem 4.000 alunos.
Depois, um grupo de alunos do curso obrigou os novatos a se organizarem em fila e jogou um líquido ácido na cabeça deles.
"Aquilo cheirava muito mal, fedia muito. Aí acabou escorrendo no meu olho. No outro dia eu não aguentava de dor", disse o estudante.
Nesta quarta-feira (4), um médico constatou que 70% da córnea de um olho foi afetada pelo produto.
"A gente ainda não sabe o que vai acontecer. Vamos fazer o acompanhamento do caso e torcer para que tudo dê certo", disse a tia do jovem, Keila Castilho.
O estudante disse que não sabe quando poderá voltar à faculdade, mas garantiu que não vai abandonar o curso.
Ele não registrou a agressão na polícia.
Segundo Keila, a FAI informou à família que vai abrir uma sindicância administrativa para apurar o caso.
Em nota divulgada na terça (3), a instituição afirmou que, caso fique comprovado que os autores dos trotes violentos são alunos veteranos, serão tomadas medidas administrativas que podem acarretar na expulsão deles.
A estudante Nathália, que teve as duas pernas queimadas, disse que tem medo de voltar à faculdade. "Depois do que aconteceu, senti certa insegurança", disse à Folha.
A caloura, que estava começando a faculdade de pedagogia na FAI, vai ficar um mês de repouso em casa para se recuperar e voltar a andar normalmente. Nesta quarta, ela retirou as ataduras que cobriam os ferimentos.