Folha de S. Paulo


Pacífico, ato contra tarifa passa pela casa de Haddad e acaba em 'catracaço'

Manifestantes voltaram a protestar contra o aumento das passagens de ônibus, metrô e trem na capital paulista. O ato dispersou por volta das 22h sem que houvesse qualquer confronto ou tumulto. Apesar disso, a Polícia Militar afirma ter detido duas pessoas com bolas de gude e lata de spray, além de apontar pichação no monumento às Bandeiras.

No decorrer da passeata, os manifestantes fizeram um ato na frente do prédio onde mora o prefeito Fernando Haddad (PT). Homens do Batalhão de Choque cercaram o condomínio, enquanto os manifestantes usavam gritos de ordem e vizinhos saíam para acompanhar o protesto. Um "troféu catraca" feito para Haddad foi pulado pelos manifestantes de forma simbólica.

O ato, que começou no vão livre do Masp, passou por vias importantes como a avenida Paulista e a 23 de Maio, até chegar na Alesp (Assembleia Legislativa), onde começou a dispersão. Algumas pessoas comemoraram o desfecho da manifestação subindo no monumento às Bandeiras.

A massoterapeuta Luana Diniz, 30, disse que está foi a primeira manifestação que ela participou. "Eu gostei bastante porque não teve violência. Vim porque acho que não podemos viver com ônibus caro e sem água, enquanto o salário fica na mesma", afirmou.

Ela planeja ir nos próximos protestos e acha que a tarifa vai cair novamente. "Se continuarmos insistindo volta para R$ 3. Mas isso só vai acontecer se não houver intervenção da PM nem de manifestantes violentos".

Após a dispersão, muitas pessoas embarcaram em ônibus, que seguiam em direção à avenida Brigadeiro Luís Antonio pelas portas traseiras, sem pagar a passagem. Com isso, alguns coletivos saíram lotados, enquanto outros nem paravam ao perceber a presença dos manifestantes.

O chamado "catracaço" (embarque sem pagamento de tarifa) já tinha sido tentado pelos manifestantes em outros atos contra o aumento da tarifa, mas em estações do metrô. Eles, no entanto, acabaram impedidos pela polícia, que chegou a usar bombas de efeito moral e de gás lacrimogêneo no interior das estações.

Mesmo sem confrontos, a PM afirmou ao final do ato que duas pessoas foram detidas com bolas de gude e lata de spray e apontaram atos de vandalismo que deixaram uma pichação no monumento às Bandeiras e uma vidraça de uma agência do Itaú depredada na av. Brigadeiro Luís Antônio.

Uma das entradas da estação Trianon-Masp do metrô também chegou a ser fechada após o protesto, mas o Metrô não foi encontrado para comentar o porquê.

A PM estima cerca de mil pessoas tenham participado do ato desta quinta, enquanto os organizadores apontam que ficou próximo dos 10 mil. O MPL (Movimento Passe Livre), que organizou a manifestação, já marcou mais três atos para a próxima terça (3) no Campo Limpo (zona sul), Pirituba (zona norte) e São Miguel Paulista (zona leste).

O ato dessa quinta foi o sexto organizado pelo movimento desde o aumento das tarifas de ônibus, metrô e trem, ocorrido em 5 de janeiro. Dos cinco anteriores, apenas um terminou de forma pacífica. Na última terça (27), o ato até começou sem confusão, mas terminou em confronto dentro da estação Faria Lima do metrô.

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