No início dos anos 1960, quando assumiu a direção do então Centro de Reabilitação Sarah Kubitschek, o ortopedista Aloysio Campos da Paz Júnior começou a dar escala à sua visão da medicina: tratar doentes e não doenças, como defendeu em um de seus livros sobre o tema.
Idealizador da rede Sarah, referência em reabilitação pós-trauma no país, encontrou no arquiteto João Filgueiras Lima, o Lelé (1932-2014), o nome perfeito para transpor esse ideal para os prédios de todas as unidades da rede, presente em sete Estados e no Distrito Federal.
"Por que não aproveitar aquilo que tínhamos de melhor? O sol, a luz e, principalmente, a bela visão horizontal de uma Brasília que nos emocionava a cada pôr do sol?", escreveu o médico em livro sobre a experiência.
Nascido em 1934, formou-se na UFRJ em 1960 e mudou-se para Brasília em seguida. Treinado no Reino Unido por especialistas em recuperar combatentes feridos, era conhecido como administrador rígido e organizou sua sucessão na Rede Sarah. Era visto como politicamente hábil e próximo de diversos governantes.
Na tarde deste domingo (25), instalado em um dos quartos da unidade da capital federal, Paz morreu por insuficiência respiratória. Em nota, a presidente Dilma Rousseff lamentou a morte e prestou solidariedade à família. O mesmo fez o ex-presidente José Sarney: "O Brasil perde um dos maiores homens do nosso tempo".
Deixa mulher, três filhos e quatro netos. Nesta segunda-feira (26), seu corpo será velado no teatro do hospital que ajudou a erguer.