Folha de S. Paulo


Ciclistas fazem 'pedalada' para celebrar aniversário de São Paulo

Para celebrar o aniversário de 461 anos de São Paulo, comemorado neste domingo (25), a Prefeitura de São Paulo organizou uma "pedalada" passando pelos principais pontos turísticos da capital paulista.

Cerca de 5.000 ciclistas se concentraram na avenida Paulista, em frente ao Masp (Museu de Arte de São Paulo), para a largada, que aconteceu por volta das 8h.

O percurso de 15,8 km percorre os principais pontos turísticos de São Paulo, como o Sambódromo do Anhembi, a Pinacoteca do Estado, o Theatro Municipal, entre outros, até o vale do Anhangabaú, na região central, onde estão montados palcos para shows que fazem parte da comemoração.

Os ciclistas elogiaram a iniciativa, mas foram alvo de protestos de motoristas pelo caminho. Com percurso em ritmo de passeio, alguns chegaram a levar cachorros de colo presos nas mochilas.

O agente de viagens e guia de turismo Almir Douglas de Oliveira Marcellino, 31, foi com 20 amigos para o evento. Ele diz que começou a pedalar quando morava em Santos, e voltou a criar o hábito há cerca de dois anos, quando espaços reservados aos ciclistas começaram a ser criados nas vias da cidade.

"Temos um grupo fixo de cinco pessoas que se reúnem aos domingos e feriados que chamamos de Panela Bike, porque quando não estamos pedalando nas ciclofaixas, estamos comendo". Depois do exercício, o plano era almoçar e ouvir chorinho no Mercado Municipal, que também faz aniversário.

Trabalhando para a empresa terceirizada contratada pela prefeitura para o evento, Fábio Borges afirma que, de 4.900 inscritos, 4.040 retiraram kits com camiseta e brindes de parceiros na véspera da pedalada. "Como o evento é em espaço público, tem muito 'pipoca' também, que não conseguiu se inscrever ou estava na ciclofaixa, viu o movimento e se juntou à pedalada".

Foram comprados 48 mil copos d'água fechados para os ciclistas. Às 8h10, nove minutos depois da largada, Borges estimava que a massa de ciclistas se estendia do Cemitério do Araçá, em Pinheiros, até o Masp.

A reportagem não identificou nenhum problema maior do que motoristas inconformados com as vias fechadas para a passagem dos ciclistas. Das 8h às 8h20, a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) e a Polícia Militar fecharam o cruzamento entre a Peixoto Gomide e a avenida Paulista, gerando protestos de quem vinha de carro.

"Vai dormir, vai pegar mulher. Por que eles não pegam ninguém? Só a gente não tem direitos", reclamou com um policial um homem de roupa social. Outro tentou puxar o grito "a culpa é da Dilma!" e "a culpa é do PT!", em referência ao partido do prefeito Fernando Haddad.

O sargento Jorge de Paula da Companhia Tática da PM afirmou que não foi registrado nenhum problema no percurso e que 30 policiais haviam sido mobilizados, dez deles em bicicletas. Os ciclistas também foram acompanhados pela Guarda Civil Metropolitana. Em alguns pontos que não tiveram bloqueios, como o cruzamento entre a avenida Antártica e a rua Melo Palheta, os próprios ciclistas tiveram que impedir com gritos que os carros invadissem o percurso.

A astróloga Carmem Sampaio e o marido, o paisagista André Caretta, afirmaram que não tiveram nenhum problema, apesar de terem levado consigo seus dois cães malteses, Bento e Dido. "Temos o hábito de andar de bicicleta, e levamos os cachorros desde que são filhotes. Eles estão acostumados", disse.

Os malteses ficam presos em mochilas abertas nas costas dos donos. Quando a reportagem começou a conversa, estavam descansando soltos num canteiro ao lado da Estação da Luz, no bairro da Luz, centro de São Paulo. Quando os donos voltaram a pedalar, os malteses escalaram nos ombros de Sampaio e Caretta para tomar vento nos focinhos.

"Evito levá-los quando tem muito trânsito, e volto para casa quando eles param de sair da mochila por causa do sol e ficam ofegantes", disse Caretta.

O aposentado Francisco Brito, 67, afirma que começou a andar de bicicleta regularmente há cerca de dois anos, incentivado pelas ciclofaixas na cidade e pela vontade de combater sua bronquite. "Pedalo todo dia. Comecei com 4 km ou 5 km, e agora, chego a 30 km". Sua filha, a educadora Paula Britto, 34, disse que não teve dificuldades em convencê-lo a participar do evento.

Alguns tiveram participação quase que expontânea, como o analista contábil Jean dos Santos, 37. "Costumo pedalar aos domingos para ir ao parque –eu e meus amigos brincamos que ir de carro ao parque 'démodé'. Me chamaram às 23h de ontem e acordei hoje para vir."

A analista financeira Camila Ferreira, 37, não tem bicicleta própria, por isso foi com uma das disponibilizadas pela Prefeitura em parceria com um grande banco. "Só costumo andar no parque. Na rua é a primeira vez." Ela afirma que tentou retirar a bicicleta inicialmente num ponto próximo à rua Haddock Lobo, na Bela Vista, mas que a última bicicleta restante estava presa na trava de segurança. Por isso, fez a retirada na Alameda Jaú, no mesmo bairro.

O percurso passou pela avenida Dr. Arnaldo e depois seguiu pela Sumaré e Avenida Antártica sentido centro, com uma parada no Centro Esportivo e de Lazer Tietê depois de percorridos 13,2 km.

Após os ciclistas cruzarem a Ponte da Casa Verde, policiais fecharam uma das vias para a passagem, causando um 'buzinaço' de motoristas, muitos deles torcedores do Corinthians que se dirigiam à final contra o Botafogo da Copa São Paulo de Juniores, no Pacaembu. Em resposta, uma ciclista puxou "não adianta estressar, vem pedalar".

COMIDA BOA E BARATA

Chefes de cozinha também organizam venda de pratos a preços populares, em frente ao Theatro Municipal, no centro da capital paulista.

Os preços variam de R$ 5 a R$ 15 e a entrada é gratuita. No menu estão a tradicional Paella à Marinera, paleta mexicana, bolinho de bacalhau, strogonoff especial com arroz e batata palha, lanche de pernil com molho de rapadura e lanche de carne louca.


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