Folha de S. Paulo


SP tem em 2014 recorde de roubos e menor taxa de homicídios em 14 anos

O Estado de São Paulo registrou em 2014 a maior quantidade de roubos dos últimos 14 anos –desde que a série histórica do governo paulista adota os mesmos critérios.

Por outro lado, também teve a menor taxa de homicídios dolosos por 100 mil habitantes nesse período.

Os assaltos, segundo dados divulgados nesta sexta (23), cresceram 20,6% em relação a 2013 –maior aumento anual já registrado. Passaram de 257.067 para 309.948.

O percentual de crescimento na capital foi ainda maior: 26,5%. Em ambos os casos, foi a 19ª alta consecutiva desse tipo de crime e um dos motivos apontados para a recente troca de comando na Secretaria da Segurança do governo Geraldo Alckmin (PSDB), no final do ano passado.

Os roubos são aqueles crimes cometidos com violência ou grave ameaça e que criam uma sensação de insegurança na população.

Editoria de arte/ Folhapress

O novo titular da pasta, Alexandre de Moraes, disse que os resultados podem ser explicados em parte pela explosão de celulares (150%) e de documentos (186%) roubados. "O que mostra que isso é que puxou esse índice para cima", disse.

Ainda de acordo com Moraes, 70% dos roubos envolveram celulares e/ou documentos, dos quais 53% das vítimas eram pedestres.

"É quando a pessoa está passando. É esse roubo que aumenta a sensação de insegurança. Porque é aquele [caso em que] cada um de nós pode ser roubado. Isso acaba assustado", afirmou Moraes.

Outro fator que explica parte desse crescimento foi a possibilidade de registrar roubos pela internet. O governo não apresentou, porém, quanto dessa ferramenta pode ter levado ao aumento de registros.

A quantidade de roubos no Estado em 2014 foi 41% maior do que em 2001, no começo da atual série histórica.

Em relação ao roubo de celulares, Moraes disse que pedirá ao governo federal para que a Anatel (agência de telecomunicações) faça bloqueio permanente da identificação dos aparelhos quando eles forem roubados ou furtados.

Isso evitaria que ladrões comprem um novo chip para ser reutilizado no aparelho.

ASSASSINATOS

Os dados divulgados pelo governo também mostram que em 2014 os homicídios dolosos, praticados com intenção de matar, caíram 3,4% na comparação com 2013. Caíram de 4.444 para 4.294 de um ano para o outro.

Essa queda fez com que a taxa de assassinatos por um grupo de 100 mil habitantes caísse para 10,06. Trata-se do melhor resultado desde 2001, quando havia no Estado um índice de 33,3 por 100 mil.

Para organismos internacionais, taxas acima de 10 homicídios a cada 100 mil habitantes são consideradas epidêmicas –quando os crimes estão fora de controle.

Os dados divulgados pelo governo do Estado consideram a quantidade de casos registrados, e não a de vítimas. Um mesmo registro pode ter mais de uma vítima.

Considerando a quantidade de vítimas, São Paulo teria uma taxa um pouco maior: de 10,61 a cada 100 mil.

Em 2014, foram registrados 4.294 casos de homicídios, com 4.527 vítimas.

Na capital, os índices foram ainda melhores: 9,83 assassinatos por 100 mil, com 1.132 casos. Em 2011, porém, a cidade tinha tido um resultado melhor: taxa de 9,01.

TRAFICANTES

Para especialistas em segurança, além de um trabalho eficaz da polícia na investigação dos homicídios, que tem índices de solução considerados satisfatórios, a quase inexistência de guerra de traficantes (como ocorre em outros Estados) contribuiu com essa queda ao longo dos anos.

O governo minimiza a influência do crime organizado nessa redução.


Endereço da página:

Links no texto: