Folha de S. Paulo


Com protesto de aeronautas, Anac registra atrasos em 18% dos voos

A greve de comissários, pilotos e trabalhadores de aeroportos que ocorreu das 6h às 7h desta quinta-feira (22) fez o número de voos atrasados crescer dez pontos percentuais.

O índice de atrasos superiores a 30 minutos chegou a 18% dos voos que decolaram entre 6h e às 18h, segundo dado da Anac. Na quinta-feira da semana anterior 8% saíram atrasados. Os problemas ficaram concentrados na parte da manhã.

O nível de cancelamentos foi considerado normal pelas empresas: 8,9%. Uma semana antes, os cancelamentos atingiram 6,4% dos voos. Os maiores transtornos foram sentidos no Galeão, no Rio de Janeiro, onde uma manifestação na via de acesso impediu o acesso ao aeroporto.

De acordo com a Abear, associação que representa as empresas aéreas, o planejamento prévio, como o incentivo ao check-in pelo celular ou a permissão para remarcação de voos, aliviou o transtorno aos passageiros.

Entretanto, o impacto da greve na malha das empresas, com o efeito dominó dos atrasos, foi "superior a 20%". "A adesão passou de 20% e não foi garantido o efetivo mínimo", afirmou o presidente da Abear, Eduardo Sanovicz.

A entidade obteve na véspera decisão judicial garantindo o efetivo mínimo de 80% e diz que já apresentou os números para o TST (Tribunal Superior do Trabalho).

Sérgio Dias, presidente da Fentac (Federação Nacional dos Trabalhadores em Aviação), contesta e diz que a Abear "terá de provar". Para ele, o movimento atingiu o objetivo de sensibilizar as empresas. "Desde 1988 não havia uma greve unificada de aeronautas e aeroviários."

Os dois lados se reúnem nesta sexta (23) para uma conciliação. Os sindicatos querem reajuste de 8,5%. As empresas oferecem 6,5% (0,17% acima da inflação) e dizem que atenderam 25 de 33 reivindicações. "Deflagrar uma greve quando se tem na mão uma proposta de ganho real, no momento em que o cenário econômico não é dos mais bonitos, não é a decisão mais adequada", diz Sanovicz, ressaltando que segue "perseguindo um acordo".

Para Dias, os trabalhadores estão abertos a um reajuste menor que 8,5% "desde que as empresas melhorem as condições de trabalho, não escalando, por exemplo, funcionários para madrugadas sucessivas de trabalho".


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