Folha de S. Paulo


Belo Horizonte deve reduzir consumo de água em 30% para evitar rodízio

Para evitar que as torneiras na região metropolitana de Belo Horizonte sequem em quatro meses, a nova presidente da Copasa (Companhia de Saneamento de Minas Gerais), Sinara Meireles, afirma que é necessário reduzir o consumo em pelo menos 30%.

"Fazemos um apelo à população para que economize água, o máximo possível. Os 30% vão ser referência para adoção de mecanismos tarifários, se for o caso de a campanha de redução voluntária não surtir efeito", disse Meireles em entrevista à imprensa na tarde desta quinta-feira (22).

Ela apresentou um relatório sobre a situação hídrica na Grande Belo Horizonte, que inclui 31 municípios, e disse que solicitou ao Igam (Instituto Mineiro de Gestão das Águas) a declaração de situação de escassez de recursos hídricos, medida importante caso seja necessário fazer um pedido extra de verba ou outros recursos.

Para sensibilizar a população, até segunda-feira (26) a Copasa deve lançar uma campanha educativa sobre a meta de redução de consumo. Cerca de 5,5 milhões de habitantes são atendidos pela empresa nessa região.

Sinara Meireles não descarta a possibilidade de racionamento de água em sistema de rodízio caso o consumo não caia à taxa esperada. Ela também admite que pode haver cobrança de sobretaxas ou multas para quem consumir água em excesso. "Mas esse é um estágio a que nós não queremos chegar, por isso conclamamos todos os setores da sociedade para reduzir o consumo de água", afirma.

A empresa também anunciou o lançamento de um site para a população acompanhar os trabalhos e ações de gerenciamento hídrico, o destacamento de 40 equipes de campo na região metropolitana para corrigir as perdas nos sistemas –que hoje alcançam 40%–, revisar obras, agilizar e otimizar processos e mecanismos de captação e distribuição.

Segundo a presidente, que assumiu o cargo na segunda-feira (19), os dois sistemas que atendem a região da Grande BH estão em níveis críticos, e os sinais de que a situação estava em declínio eram evidentes havia pelo menos dois anos.

O Paraopeba, composto pelos reservatórios Serra Azul, Rio Manso e Vargem das Flores, opera atualmente em 30,25% da capacidade. Em janeiro de 2014, estava com 78%, e em dezembro do ano passado, em 34%. Outras três cidades mineiras também estão em situação crítica de abastecimento, segundo a presidente. São elas: Campanário (Vale do Rio Doce), Urucânia (Zona da Mata) e Pará de Minas (no sudeste do Estado).

O Rio das Velhas, principal sistema que abastece a capital e cidades dos arredores, é captado pela técnica fio a fio (ou seja, sem reservatório) e atualmente tem uma vazão máxima de 8,85 m³/s –a média histórica era de 80m³/s, segundo Rômulo Thomaz Perilli, novo diretor de operação metropolitana.

No dia 11 de janeiro, a Folha mostrou que ao menos 93 municípios de Minas, do Espírito Santo e do Nordeste estavam em racionamento em plena temporada de chuvas. Segundo o Ministério da Integração Nacional, 907 municípios estão em situação de emergência ou calamidade pública em razão da seca no país.


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