O surfista catarinense Ricardo dos Santos, 24, conhecido como Ricardinho, foi baleado na manhã desta segunda-feira (19) em frente à sua casa, na praia da Guarda do Embaú, em Palhoça (Grande Florianópolis).
O atleta, que já disputou etapas do circuito mundial de surfe, foi atingido por três disparos por volta de 8h40, após uma discussão.
Ricardinho foi socorrido e passou o dia no centro cirúrgico do Hospital Regional, na cidade vizinha São José. Os médicos não deram informações sobre o estado de saúde dele.
Nas redes sociais, amigos do surfista disseram que ele foi atingido no tórax e no abdômen e que perdeu muito sangue. Eles pediram doações de sangue para o atleta: "Pessoal, por conta das graves hemorragias sofridas pelo Ricardo em decorrência deste ato brutal, pedimos a quem puder que vá ao banco de sangue do Hemosc".
| Steve Robertson - 27.ago.12/Efe | ||
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| Ricardo dos Santos durante competição no Taiti; surfista foi baleado por PM e passa por cirurgia |
De acordo com o comando estadual da Polícia Militar, os tiros foram disparados por um policial militar lotado em Joinville (a 170 km de Florianópolis) e que passava férias na região.
O policial e um irmão dele, menor de idade, foram detidos no fim da manhã na região. Os dois foram levados à delegacia da cidade, de onde o militar foi transferido para o quartel da corporação, em Florianópolis. O irmão dele foi liberado após prestar depoimento como testemunha.
O delegado Marcelo Arruda, responsável pelo caso, disse que o desentendimento começou depois que o policial estacionou o carro na frente da casa do surfista. O veículo ficou sobre uma mangueira, interferido nas obras que estavam sendo realizadas no imóvel.
Em depoimento à Polícia Civil, o militar disse que foi insultado pelo surfista e que precisou se defender. "Ele [policial militar] alegou que agiu em legítima defesa", disse Arruda.
O delegado informou que o irmão do militar foi liberado porque não participou da briga. Arruda disse também que os relatos de testemunhas de que o militar e o irmão dele estariam usando drogas na frente da residência, incomodando o surfista, foram só "boato".
Em nota, a PM informou que o militar fez exame toxicólogo no IGP (Instituto Geral de Perícia) para mostrar que não havia usado entorpecentes. O resultado não foi divulgado.
As identidades do policial militar e do irmão dele também não foram informados.
A PM abriu um inquérito militar para averiguar o caso.
No início da noite, a Secretaria Estadual de Saúde informou que o surfista passou por cirurgia das 11h às 18h30 e foi transferido em seguida para a UTI, onde passará a ser monitorado. Nenhum detalhe foi revelado.
Segundo a assessoria da pasta, um boletim médico será divulgado apenas se houver autorização da família.
MANIFESTAÇÕES
Nas redes sociais, o episódio foi lamentado pelos principais surfistas do país. O campeão mundial Gabriel Medina postou no Instagram que estava "muito triste com a notícia" e acrescentou "mas Deus vai te guardar irmão".
Alejo Muniz pediu, em português e em inglês, orações ao colega. "Te amo irmão vamos sair dessa logo", escreveu. Adriano de Souza, o Mineirinho, também comentou o caso. "Força, você vai sair dessa mais forte que antes".
O surfista catarinense começou a disputar etapas do Circuito Mundial em 2008. Estava fora da elite desde 2013.
Em 2012, em um de seus maiores feitos na carreira, derrotou Kelly Slater, dono de 11 títulos mundiais, em uma etapa do WCT.