Folha de S. Paulo


Protesto contra as tarifas tem correria e bombas de gás no centro de SP

O protesto contra o aumento das tarifas de ônibus, metrô e trem realizado na região central de São Paulo, na noite desta sexta-feira (16), terminou com correria, bombas de gás e ao menos três agências bancárias depredadas.

O major Victor Fedrizzi, da PM, afirmou no local que oito pessoas foram detidas e encaminhadas ao 78º DP (Jardins). A corporação, no entanto, afirmou que ainda não tinha um número fechado por volta das 23h.

O ato começou por volta das 18h na praça do Ciclista, na avenida Paulista. O grupo de cerca de 3.000 pessoas, segundo estimativa da polícia, seguiu em passeata até a prefeitura. O MPL (Movimento Passe Livre), que organizou o ato, estima que o total de manifestantes tenha chegado a 20 mil.

No percurso, houve um momento de correria, na altura do cemitério da Consolação, mas sem pessoas feridas ou detidas. Em seguida, o ato prosseguiu até a frente da prefeitura, onde houve nova confusão.

Segundo a PM, manifestantes jogaram fogos de artifício contra os policiais e pedras em carros da corporação. Com isso, a PM atirou bombas de gás e gás de pimenta contra os manifestantes. Algumas pessoas passaram mal.

Uma jovem chegou a desmaiar durante o tumulto (veja vídeo abaixo). PMs que estavam no local a cercaram e impediram que manifestantes a socorressem.

Veja vídeo

O músico Vinicius Duarte, 27, diz que carregava a jovem quando os policiais atingiram ela e as pessoas que socorriam a jovem com gás pimenta. "Atingiram uma pessoa desacordada", disse. O professor André Souza, 24, presenciou a cena. "Jogaram gás na gente e derrubamos a moça no chão".

A reportagem presenciou a agressão policial. A moça posteriormente foi socorrida em um prédio. O major Victor Fedrizzi, da PM, afirmou que se houve algum abuso os manifestantes têm direito de denunciar.

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Ainda de acordo com a polícia, ao menos três agências bancárias foram depredadas durante o ato. Uma da Caixa Econômica Federal na rua Líbero Badaró; outra do Banco do Brasil, na rua Xavier de Toledo; e um Citibank, na avenida São João. Uma entrada da estação Anhangabaú do metrô também chegou a ser fechada.

AUMENTO

As passagens estão mais caras desde o dia 6 de janeiro, quando passaram de R$ 3 para R$ 3,50. O valor não subia desde 2011 nos ônibus e desde 2012 no caso dos trens e metrô.

Esse é o segundo ato promovido pelo MPL desde o aumento. Na última sexta (9), o protesto terminou em confronto, vandalismo e 51 pessoas detidas.

Após o ato, a PM comparou, em sua rede social, os adeptos da tática "black bloc" (a favor da depredação como forma de protesto) a criminosos da facção PCC. A comparação foi criticada pelo secretário da Segurança Pública, Alexandre de Moraes, e pelo comandante da PM, coronel Ricardo Gambaroni, que classificou o comentário como "infeliz".

Em nota divulgada na tarde desta sexta, o MPL afirmou que "não concorda com a postura de alguns manifestantes, mas não é função do MPL identificar, julgar ou criminalizar quem está nas ruas, protestando contra a violência diária do transporte e suas tarifas. Buscamos fazer um ato pacífico, com começo, meio e fim".

O movimento também afirmou que a PM foi responsável por "covardes sessões de tortura a céu aberto a qual, em mais de um momento cercou manifestantes desarmados e isolados espancando-os coletivamente sem qualquer justificativa e sem que esses manifestantes representassem qualquer ameaça".

Apesar da confusão, o ato do dia 9 foi bem menor do que os protestos de 2013, quando uma série de manifestações fez com que os governos estadual e municipal recuassem e desistissem de reajustar os valores.


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