Folha de S. Paulo


Waldemar Indalécio Júnior (1940-2015) - O bombeiro ficou conhecido até no Japão

Suspenso por uma corda presa a um helicóptero, Waldemar Indalécio Júnior tentou, sem sucesso, salvar algumas das pessoas que se encurralavam no parapeito para escapar do incêndio que consumia o edifício Joelma, no centro de São Paulo.

"Vi muita gente morta junto às janelas, dentro do prédio", disse à Folha no fatídico 1º de fevereiro de 1974.

Menos de um ano depois, ele e dois colegas, todos "heróis do Joelma", foram convidados para um estágio no Japão justamente por causa da atuação deles no incêndio.

A admiração pelo trabalho dos oficiais era tamanha que uma foto de Waldemar suspenso pela corda ilustrava um painel no quartel-general dos bombeiros de Tóquio.

De volta ao Brasil e após conhecer o trabalho de colegas em cerca de 60 países, criou o primeiro serviço de salvamento aéreo do país e o primeiro carro de resgate.

Além de tragédias —que incluíam ainda o incêndio do edifício Andraus, em 1972—, suas memórias contavam com histórias um tanto curiosas, como "o roubo da taça" do Campeonato Paulista de 77, conquistado pelo seu time, o Corinthians, após um jejum de 12 anos sem títulos.

Waldemar estava trabalhando no estádio e, ao ver a torcida enlouquecida, temeu pela segurança dos jogadores. Sugeriu que o troféu fosse levado para a sede dos bombeiros e só desfilasse no dia seguinte. Para isso, escondeu-o embaixo do uniforme.

Morreu no dia 7, aos 74, de câncer de pulmão. Deixa Fátima, após 50 anos de casamento, dois filhos —outros dois são falecidos—, sete netos, um bisneto e dois irmãos.

coluna.obituario@uol.com.br


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