Folha de S. Paulo


Para cursinhos, novo formato ajudou alunos no segundo dia da 2ª fase da Unicamp

O segundo dia de prova da 2ª fase do vestibular da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), que ocorreu nesta segunda (12), foi exigente, mas sem o peso de anos anteriores, apontaram professores e coordenadores de cursinhos ouvidos pela Folha.

Isso se explica pela mudança no formato da prova. Até o ano passado, eram 24 questões. Agora, são 18. Nesta segunda, os alunos responderam perguntas sobre matemática, geografia e história.

"A prova da Unicamp sempre foi conhecida pelo tempo apertado que o candidato tinha. Só isso [a mudança do formato] já melhorou bastante", afirma o professor Edmilson Motta, coordenador do curso Etapa.

"Antes era uma prova muito longa, agora é uma prova direcionada. Embora seja dissertativa, ela vai direto ao ponto", diz a professora Vera Lúcia da Costa Antunes, coordenadora do Curso e Colégio Objetivo.

A professora cita, por exemplo, enunciados de matemática que pedem que o aluno "encontre o valor, encontre o número de soluções inteiras da equação, encontre os valores de x para os quais".

No geral, o diretor pedagógico da Oficina do Estudante, Célio Tasinafo, considera que a prova desta segunda foi melhor que a do primeiro dia, no domingo (11).

"Ontem [domingo] não deve selecionar muito porque é muito rasa. Hoje [segunda], não. Hoje temos a exploração de temas variados e mais densidade."

A primeira chamada será divulgada em 2 de fevereiro. Os convocados deverão fazer a matrícula não presencial nos dias 3 ou 4 de fevereiro, exclusivamente no site da Comvest, em formulário específico.

O segundo dia teve 11,8% de abstenção.

Nesta terça-feira (13), os candidatos farão provas de física, química e biologia.

MATEMÁTICA

"Foi uma prova mais acessível. Dois temas que costumam ser difíceis ficaram de fora: trigonometria e análise combinatória/probabilidades", afirma Motta.

Para Tasinafo, faltou contextualização na prova de matemática, algo que ocorre também no vestibular da Fuvest. "Colocam as questões de forma pouco próxima ao cotidiano do aluno. A única questão contextualizada foi a pergunta sobre multas e infrações de trânsito."

GEOGRAFIA E HISTÓRIA

Já as questões de geografia e história, segundo Tasinafo, foram bem contextualizadas.

"Geografia explorou uma questão sobre recursos hídricos que estávamos esperando, já que muito tem se falado sobre o assunto na imprensa. Só que na imprensa fala-se mais das reservas superficiais, como o Cantareira e o Alto Tietê. Mas e os aquíferos? Também são uma fonte de reserva, e estavam lá na questão."

Na prova de história, os professores destacaram a questão sobre os direitos civis. "O mais interessante dela é a comparação entre o papel da polícia do Estado na repressão em um período democrático, como vivemos hoje, e uma durante a ditadura. Trazia uma cédula onde aparecia a foto do [jornalista Vladimir] Herzog e uma de hoje perguntando onde está o pedreiro Amarildo", afirma Tasinafo.

Segundo ele, a questão permite "uma comparação adequada, que leva o aluno a um processo de reflexão".

A professora Vera Lúcia, do Objetivo, afirma que os assuntos pedidos são tradicionais, e não houve surpresas. A questão de geografia sobre imóveis fechados no centro de São Paulo permite um diálogo com a sociologia e mostra que a prova está "antenada" com as discussões do dia a dia.

O coordenador do Etapa lembra que a prova de história usou da análise de diversas linguagens, e surpreendeu com um tema: a Antiguidade Clássica. "É um assunto que está no programa, mas aparece pouco."


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