Folha de S. Paulo


Hospedagens para idosos lotam em São Paulo durante os meses de férias

Em vez de enfrentar aeroportos lotados, muvucas na praia e quebra de rotina, idosos têm optado por passar a temporada de festas e de férias em residenciais exclusivos, deixando de acompanhar as famílias em viagens.

Entre dezembro e fevereiro, os locais de apoio à terceira idade na cidade de São Paulo trabalham com quase lotação máxima.

As casas tornaram-se alternativas para quem não quer agitação e muito barulho ou necessita de uma estrutura de apoio complexa fora de casa, como ajuda de cuidadores e alimentação controlada.

Para atender ao público de temporada, os residenciais oferecem programações especiais, com aulas de ginástica e atividades de memória, lazer, saúde e esportivas.

"Temos uma preocupação de evitar o isolamento. A pessoa que fica conosco é sempre incentivada para a socialização", diz Gilberto Camilo da Silva, 40, gerente do residencial Lar Sant'Ana, administrado pela Liga Solidária.

Eduardo Knapp/Folhapress
Hospedagem para idosos no bairro Alto de Pinheiros, na zona oeste de SP; a procura aumenta durante as férias
Hospedagem para idosos no bairro Alto de Pinheiros; a procura aumenta durante as férias

Para janeiro, o local já tem 98% da ocupação preenchida, com diárias que variam de R$ 450 a R$ 500. Uma pessoa de referência precisa estar localizável o tempo todo.

O local tem lan house 24 horas, biblioteca, capela, sala de TV, sala de ginástica, salão de beleza, enfermagem, entre outros espaços.

As suítes são espaçosas, com TV a cabo, e acessíveis para usuários de cadeiras de rodas ou andadores.

Os idosos podem levar assistentes pessoais ou contar com os 220 profissionais do residencial, que incluem equipe de enfermagem, fisioterapeutas e nutricionistas.

No residencial Santa Catarina, no Paraíso (zona sul), 90% da ocupação de final de ano é gerada pelos clientes temporários.

Para o Réveillon, o local vai preparar um jantar especial para os hóspedes com direito a atração musical e baile.

As casas mais renomadas não aceitam a hospedagem compulsória e fazem avaliação rigorosa sobre as necessidades de atendimento de cada um dos clientes.

Eduardo Knapp/Folhapress
A psicóloga Maria Helena Trigo, hospedada em residencial
A psicóloga Maria Helena Trigo, hospedada em residencial

Antes de fechar a estadia, o idoso faz uma visita prévia ao local, testa os serviços e precisa estar em pleno acordo com a família para ficar. Há casas que exigem autonomia mínima do idoso –física e intelectual– para a estadia.

A realidade de um residencial que hospeda idosos nas férias não guarda relações com os antigos asilos, embora em um canto ou outro haja pessoas sozinhas e, aparentemente, pensando longe.

Em geral, os idosos vistos pela reportagem estavam em grupos assistindo TV, conversando no restaurante, fazendo atividades físicas ou mesmo tomando sol.

A psicóloga Maria Helena Trigo, 88, que passa a sua segunda temporada em um residencial, diz que a estrutura é um dos atrativos. "Gosto da segurança e da equipe e não gosto de regras como os horários estabelecidos para comer. Isso tira um pouco da independência", afirma.

Os residenciais recomendam contatos diários, por telefone, e-mail ou vídeo, entre os familiares e os idosos que ficam. O uso de telefones celulares e tablets é livre.

A filha de um cliente, que não quis se identificar, disse que mantém contato telefônico diário com o pai, de 86 anos. "Tenho dois filhos e meu pai, apesar de ativo, não tem mais a mesma energia para passar as férias conosco. As adaptações com mudanças de clima, viagens longas e alimentação acabam sendo penosas para ele."


Endereço da página: