Folha de S. Paulo


Dois anos atrasado, VLT do litoral de SP começa a operar em março

Com dois anos de atraso, o primeiro VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) do Estado de São Paulo vai começar a rodar em março de 2015, entre São Vicente e Santos.

Promessa de campanha do governador Geraldo Alckmin (PSDB) em 2010, o modal já passou por um mês de testes, entre novembro e dezembro, alterando a paisagem local.

Morador do bairro Vila São Jorge, em São Vicente, o aposentado Marcelo Augusto de Moraes de Souza, 50, está ansioso para utilizar o sistema.

Ele vai a Santos três vezes por semana e diz que pretende deixar o carro em casa quando o VLT estiver em pleno funcionamento.

A aposentada Maria Corsato Povoas, 70, comemora o tempo que deve poupar. "O trânsito está horrível. As peruas vão até a divisa, não vão até Santos. Isso vai trazer um benefício muito grande."

Com o novo modal, a EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos) prevê a retirada de 23% dos ônibus em circulação e a integração tarifária com os sistemas municipal e intermunicipal. O investimento do governo estadual foi de R$ 1 bilhão.

Até outubro, quando começa a operação comercial e a cobrança de tarifa, o veículo circulará em horários restritos e com o máximo de cinco composições, cada uma para 400 pessoas.

"Todo início de operação é feito dessa forma", diz o gerente de Projeto e Implantação de Sistemas da empresa, Carlos Romão.

Para a primeira etapa, estão previstas sete estações em São Vicente e três em Santos, de acordo com a EMTU.

Na fase comercial, o VLT funcionará diariamente, das 5h à meia-noite, com intervalos de 3,5 minutos. A velocidade média dos veículos será de 25 km/h, e a previsão é atender 30 mil passageiros todos os dias.

A primeira licitação, em 2010, não teve concorrentes.

Agora, o Consórcio BR Mobilidade Baixada Santista, das empresas Viação Piracicabana e Comporte Participações S.A., foi o único a apresentar proposta para operar o VLT. O contrato deve ser assinado em fevereiro, e o investimento privado previsto no edital é de R$ 666 milhões.

A segunda etapa do projeto, que terá mais 14 estações em Santos, em um trajeto de 8 km, está em fase de licenciamento ambiental e deve ser concluída no fim de 2016.

ATRASO

As obras no trecho de Santos sofreram atrasos entre julho de 2013 e janeiro deste ano, segundo a EMTU, por causa de uma contestação do Ministério Público Estadual sobre o traçado em uma via.

A promotora Almachia Acerbi, do Gaema (grupo de defesa do meio ambiente), nega responsabilidade e sustenta que a EMTU mudou o traçado de forma irregular só para beneficiar um centro de convenções na avenida Francisco Glicério, em Santos.

A EMTU rebate e afirma que o traçado não mudou.

Em fevereiro, o Tribunal de Justiça vai decidir quem está com a razão.


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