"É lamentável", diz Antônio Carlos da Silva (PSDB), prefeito de Caraguatatuba, litoral norte de São Paulo.
Ernane Primazzi (PSC), da vizinha São Sebastião, concorda: "É meter a mão no bolso do contribuinte". Em Ubatuba e Ilhabela, respectivamente, Maurício Moromizato (PT) e Toninho Colucci (PPS) se juntam ao coro: "Só piorou".
Afetados com a instalação de 87 novos radares nas rodovias estudais que levam ao litoral paulista, os quatro prefeitos se uniram pela revisão do limite de velocidade das vias de acesso aos municípios, alguns dos principais destinos turísticos do Estado.
Eles temem que o trânsito, já intenso nos fins de semana e durante todo o verão, fique congestionado também na baixa temporada. As cidades esperam receber cerca de 4 milhões de turistas até abril.
A principal queixa é contra os aparelhos instalados na Tamoios, onde os trechos de serra têm limite de 30 km/h.
Também se queixam que o governo fez as modificações sem consultas aos prefeitos nem audiências públicas.
Oficialmente, o quarteto protocolou ofício na Secretaria de Transporte do Estado na quarta (17), entregue por Colucci. Segundo o prefeito, o secretário Clodoaldo Pelissioni "garantiu que se empenhará para revisar os limites de velocidade antes do Natal".
A secretaria não confirma a data. Em nota, informa apenas que "qualquer alteração" de velocidade na Tamoios "dependerá de estudos técnicos" e que, "em primeiro lugar, está a segurança dos usuários da rodovia e dos moradores da região".
Também diz que os limites de velocidade são anteriores à implantação dos radares.
'PEGADINHA'
Outra reclamação dos prefeitos é a mudança de velocidade em trechos curtos da pista. "Não vejo motivação em uma rodovia de velocidade 80 km/h mudar para 60 km/h em trechos de radar depois da curva –a não ser uma pegadinha para emitir multa", afirma Ernane Primazzi.
À Folha o secretário Pelissioni negou essa motivação e disse que "não quer um tostão a mais com multas".