Folha de S. Paulo


Invasão de turistas no Natal da av. Paulista dificulta 'selfies'

Tudo o que queria a assistente administrativa Shirley Aragão, 46, era tirar uma foto da decoração de Natal da Paulista para levar para casa. Só faltou combinar com a multidão que ocupou a calçada da avenida na tarde quente de domingo (21) com exatamente a mesma ideia.

"Não tem jeito... Tirei foto de um monte de cabeças", disse ela, rindo, enquanto se afastava para enquadrar no celular um Papai Noel de cinco metros de altura na agência do Itaú Personnalité da esquina com a alameda Ministro Rocha Azevedo.

Ela estava no centro do enxame que tomou a Paulista no final de semana, o último antes do Natal e o primeiro do verão. Ali, centenas de pessoas se juntaram para tentar selfies e retratos, diante de plantas ornamentadas em formato de renas, bonecos de neve e soldadinhos de chumbo -na fachada do banco desde o dia 6 de dezembro.

Não foi lá muito fácil. Era postar-se para um retrato e alguém passava na frente, o que obrigava o fotógrafo a reiniciar o processo. Contornar o problema exigia ficar colado à fachada -só que o risco era a foto mostrar apenas as pessoas, e não a decoração.

MULTIDÃO

"Nunca vi cheio desse jeito. As pessoas não estão com muito dinheiro para saírem comprando no Natal, então vêm aqui na Paulista contemplar", disse o empresário Roberto Silva, 41, que estava com a mulher, Patrícia, 37, e as filhas, Laura, 5, e Júlia, 9 -esta última queria mostrar ao pai o Papai Noel.

Roberto pediu a um turista para tirar foto dele e da família da decoração natalina; ele ficou afastado da multidão para realizar a façanha.

Outros levavam bastões para encaixar no celular e fazer selfies, conhecidos como "GoPobre", uma brincadeira com a GoPro, minicâmera que chega a custar R$ 1.700.

A frente do banco estava cheia de pais com filhos pequenos. Mas quem tentou fotografá-los encontrou empecilhos que não a multidão: primeiro, fazer os filhos pequenos olharem para a câmera; depois, fazê-los sorrir.

ARTISTAS

Felizes com o movimento ficaram os ambulantes, como Antonio dos Anjos, 40, que vendia garrafas de água a R$ 3. A temperatura chegou a 35º ontem.

Também contente estava "Michael Bradley", nome artístico de Marcos Pereira. Ele se exibia vestido como Silvester Stallone no filme "Os Mercenários": óculos escuros, boina, roupa de tira e metralhadora (de brinquedo). "Dá para ganhar R$ 120 por dia."


Endereço da página:

Links no texto: