Folha de S. Paulo


Periquitos mortos em Manaus ingeriram agrotóxicos, diz laudo

Laudo divulgado neste sábado pelo Ipaam (Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas) mostra que foram identificados três agrotóxicos nos periquitos encontrados mortos em frente a um condomínio de alto padrão em Manaus (AM), em novembro.

Os exames toxicológicos foram realizados pelo Departamento de Clínica e Cirurgia Veterinárias da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais).

O laudo descarta a hipótese de envenenamento por "chumbinho" ou "veneno de rato" e informa que a presença dos agrotóxicos pode significar contaminação por alimentos como frutas ou grãos.

Os agrotóxicos encontrados foram aletrina, fenazaquina e ciromazina.

A análise, contudo, não é conclusiva em relação à causa das mortes das aves e um estudo mais aprofundado deverá ser realizado. Não estão descartadas as hipóteses de envenenamento proposital nem de atropelamento.

A parceria entre o Ipaam e a UFMG vai continuar para que a análise dos periquitos mortos continue e seja pesquisada a possibilidade de eles terem sido vítimas de doenças ou contaminados por metais pesados como mercúrio, chumbo, cadmio e arsênio.

"Vamos continuar investigando para chegar ao que de fato aconteceu e atribuir responsabilidades. Estamos adotando medidas de manejo de fauna porque a população de aves vivas é muito maior do que o número das que morreram e precisamos protegê-las", disse neste sábado (20) Antonio Ademir Stroski, presidente do Ipaam.

CONDOMÍNIO

Mais de 200 periquitos-de-asa branca, típicos da região, foram encontrados mortos no final de novembro na calçada e em uma avenida próximas ao residencial Ephigênio Salles. Em frente ao condomínio, há palmeiras imperiais que estavam cobertas com telas pelos moradores para evitar a presença das aves. Elas costumavam dormir no local.

A morte dos periquitos provocou protestos em frente ao condomínio e mobilização nas redes sociais. Manifestantes pediram a retirada das telas das palmeiras.

No início de dezembro, o residencial foi notificado pelo Ipaam por causa das telas, e a "proteção" foi retirada pelo Corpo de Bombeiros. Elas impediam o acesso das aves às palmeiras e as deixavam mais vulneráveis a possíveis ataques ou acidentes.

Segundo o presidente do Ipaam, uma equipe do órgão visita diariamente o local das mortes para monitorar a situação e analisar o comportamento das aves.


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